Unir esforços, dentro de um contexto de nova conjuntura política e mapear as instâncias decisórias que abordam a bioeconomia para construção de ações que ampliem a incidência política dentro desta temática foram alguns dos objetivos da reunião da Força-Tarefa (FT) de Bioeconomia da Coalizão Brasil pelo Clima, Florestas e Agricultura realizado na última semana, em São Paulo e de forma virtual, com membros de diversas instituições da área socioambiental.
O Hub de Bioeconomia Amazônica, rede secretariada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e vinculada à Green Economy Coalition (GEC), participou da reunião apresentando as suas sugestões para uma incidência política nas instâncias de tomadas de decisão do governo, que contemple as particularidades e especificidades do território amazônico.
“Estamos claramente diante de uma janela de oportunidades onde a bioeconomia está sendo inserida como pauta dentro de diferentes ministérios do novo governo, o que é muito positivo por um lado, mas com o desafio de articulação e transversalidade desta agenda nesta nova conjuntura política, por outro. O estudo, coordenado pela CPI, PUC-Rio e aqui apresentado, nos mostra que os diferentes conceitos e abordagens do que se entende por ‘bioeconomia’ precisam estar claros e postos nas mesas de discussão”, comentou a catalisadora do Hub de Bioeconomia Amazônica, Marysol Goes.
Segundo ela, o papel do Hub dentro desta construção é justamente garantir que vozes amazônicas sejam ouvidas dentro dos processos de formulação de uma política nacional de bioeconomia e que as políticas regionais em curso na Amazônia sejam consideradas dentro desta construção.
Durante a reunião, os membros do FT fizeram uma análise no contexto internacional e nacional do que seria o ideal para o desenvolvimento da bioeconomia no Brasil, principalmente com mecanismos de proteção aos povos da floresta que atuam com os produtos sustentáveis, gerando renda local e apoiando na conservação da região amazônica. Eles também abordaram como a bioeconomia pode ser uma alternativa para a conservação de áreas degradadas, por meio de sistemas agroflorestais e sendo um caminho para diminuir o desmatamento.
Juliana Simões, da TNC Brasil e líder da Força-Tarefa de bioeconomia da Coalizão, enfatizou o momento que o país vive, com o novo governo federal e a retomada de ações positivas em prol da Amazônia. Inclusive, com a criação de políticas públicas na área ambiental. Ela destacou ainda a disposição do governo para um diálogo com a sociedade civil.
“Isso abre uma oportunidade de incidência da Coalizão Brasil em relação às políticas públicas de bioeconomia, principalmente porque é muito diversificada na sua composição. É isso que a torna tão rica e trazer essa contribuição da Coalizão para as políticas públicas, para que elas sejam mais inclusivas possíveis, em todos os setores, é fundamental, principalmente em bioeconomia. A bioeconomia é uma agenda transversal e transpassa para diversos setores da sociedade”, comenta Juliana.
Segundo ela, o FT da Coalizão vai aprofundar os assuntos, porque tem várias discussões paralelas acontecendo no governo federal, que são positivas, mas percebe-se que há uma descoordenação. Então, é preciso que o governo coordene os debates para que encontre um caminho em comum no país em relação à agenda de bioeconomia.
“Porém, a gente já vê com bons olhos que essa discussão sobre bioeconomia ganhou ‘corpo’ em diversos ministérios. Isso é positivo, mas continuamos observando uma lacuna de coordenação do governo. Precisamos unificar as informações para que tenhamos uma política de estado mesmo. Acho que essa é a preocupação que a Coalizão tem e que a gente pretende tá colaborando com o Governo, no sentido de pensar essa governança para a bioeconomia, que possa integrar as políticas para que a gente não tenha sobreposição e para que tenhamos os recursos bem aplicados e integrados nos outros ministérios. Eu acho que a agenda da Coalizão está muito focada em contribuir numa agenda de integração dos assuntos relacionados à bioeconomia”, disse.