Fonte: Valor Globo
Ulisses Sabará: “Estamos ampliando a aposta do grupo em ESG” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
Um dos principais fornecedores de soluções para tratamento de água e de ingredientes orgânicos para a indústria de alimentos no Brasil e único fabricante de clorito de sódio da América Latina, o grupo Sabará aproveitou a recente onda ESG para dar mais visibilidade a seus negócios que, por convicção dos sócios, têm sido atrelados ao desenvolvimento sustentável há muito tempo.
Pioneiro na comercialização de matérias-primas oriundas da biodiversidade brasileira para a indústria de cosméticos global e reconhecido internacionalmente por suas iniciativas para promover o uso sustentável dos ecossistemas em que está presente, o grupo está em vias de inaugurar uma fábrica, em Valinhos (SP), que deve acelerar o ritmo de crescimento.
A maior parte das receitas, que devem alcançar R$ 370 milhões em 2023, ainda vem do braço químico, a Sabará Químicos e Ingredientes. Mas os dois negócios mais recentes, BioE e Concepta Ingredients, tendem a ganhar relevância nos próximos anos.
De acordo com o presidente do grupo, Ulisses Sabará, o investimento na nova fábrica, sob o guarda-chuva da Concepta, vai permitir ampliar presença no segmento de ingredientes naturais para alimentos e disputar novos mercados com produção própria, entre os quais o das grandes farmacêuticas voltadas a saúde humana e animal.
Com 67 anos de história, diz Ulisses, o grupo segue firme na convicção de que boas práticas, em todas as frentes (social, ambiental e governança), são essenciais aos negócios. “Estamos ampliando a aposta em ESG”, diz o empresário, que em 2016 foi nomeado “Local SDG Pioneer” durante conferência do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 2019, o grupo Sabará se tornou o primeiro da indústria química brasileira a emitir títulos verdes (“green bonds”), com a captação de R$ 20 milhões que financiaram a construção da fábrica de Santa Bárbara D’Oeste, no interior de São Paulo. A unidade abriga hoje linhas de produção da Concepta e da BioE, mas será focada exclusivamente na segunda divisão com o início de operação da fábrica de Valinhos.
Já no ano passado, o Fundo Holandês para o Clima e Desenvolvimento (DFCD, em inglês), aprovou apoio financeiro de € 350 milhões à Concepta, em reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela empresa junto a comunidades tradicionais da Amazônia, Cerrado e Caatinga.
As práticas sustentáveis também chamaram a atenção de grandes nomes da indústria de cosméticos, mercado do qual o grupo se retirou, ao menos temporariamente, com a venda da Beraca para a suíça Clariant, em 2021.
A Beraca, que já importava ingredientes para cosméticos para gigantes como Natura, comprou uma fábrica em Ananindeua (PA) em 2000 e passou a produzir seus próprios ingredientes, baseados na biodiversidade brasileira. Com isso, também se tornou exportadora para clientes em 40 países, entre os quais L’Oréal e L’Occitane.
O grupo começou a ser assediado por multinacionais da área de cuidados pessoais, fundos de private equity e venture capital, interessados em comprar a Beraca em 2013. Em 2015, a Clariant assumiu 30% da empresa e, em 2021, os 70% restantes.