Focos de calor reduzem 33% em Unidades de Conservação onde a FAS atua
22/09/2019
Iniciativas de valorização dos povos da floresta, como redução da pobreza e do desmatamento, geração de renda, empoderamento, educação e saúde e pagamentos por serviços ambientais contribuíram para o índice positivo
Enquanto o Brasil e o mundo discutem meios e alternativas para acabar com o desmatamento e os incêndios florestais na Amazônia, iniciativas de valorização dos povos da floresta desenvolvidas no Amazonas, como redução da pobreza e do desmatamento, geração de renda, empoderamento comunitário, educação e saúde e pagamentos por serviços ambientas (PSA), têm gerado resultados positivos para o controle das queimadas em Unidades de Conservação (UC) do Estado.
Conforme números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ao mesmo tempo em que houve um aumento de 91% nos focos de calor em toda Amazônia entre janeiro e agosto deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, especificamente nas áreas protegidas que recebem ações da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) houve uma redução de 33% nesses índices, o que reforça a tendência de que queda de desmatamento e de incêndios florestais está diretamente ligada à promoção da melhoria da qualidade de vida das populações que vivem dentro das florestas. Em relação ao desmatamento, também houve redução de 49% nessas áreas no mesmo período.
Em se tratando de um período maior, os últimos dez anos, os projetos implementados pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) desde 2009 já ajudaram a reduzir em 76% o número de desmatamento nas Unidades de Conservação com atuação da FAS, também conforme dados do Inpe.
“Essa redução do desmatamento é fruto de uma abordagem holística que privilegia a valorização econômica da floresta em pé e o empoderamento das comunidades com o objetivo de fortalecer o controle social e assim desestimular tanto o desmatamento quanto a ocorrência de incêndios florestais”, destacou o superintendente-geral da FAS, Virgilio Viana.
Também no período de dez anos, de 2009 a 2019, as mesmas áreas beneficiadas pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) alcançaram um aumento na renda média das famílias em 202%, conforme números do Programa de Gestão e Transparência da organização.
Nas 16 Unidades de Conservação onde houve queda nos focos de calor, 39.464 pessoas em 581 comunidades são impactadas com ações de geração de renda, empoderamento comunitário e educação e saúde desenvolvidas pela FAS, por meio do Programa de Geração de Renda, que recebe apoio do Fundo Amazônia/BNDES. A iniciativa visa fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada com valorização da produção sustentável de castanha, cacau, pirarucu, farinha, entre outros recursos naturais. A ideia é, de forma participativa, incentivar atividades lucrativas que ajudem a manter a floresta em pé.
“A ideia é criar uma cesta de serviços de apoio às comunidades ribeirinhas, fazendo com que elas sejam as verdadeiras protagonistas da conservação, uma vez que moram, cuidam e conhecem como ninguém a realidade desses locais”, explica Virgilio Viana.
Outro eixo importante para reduzir os focos de calor é o empoderamento comunitário. A ideia é formar lideranças ribeirinhas e indígenas que possam participar ativamente do processo de formulação de políticas públicas, pleiteando melhorias para as comunidades e ações de conservação ambiental. Atualmente, já existem 14 associações comunitárias formalizadas e com documentação em dia.
“A gente consegue visitar as comunidades, temos estrutura para receber associados, realizar assembleias nas comunidades, coisa que antes não tinha. Assim podemos apoiar também as nossas atividades produtivas”, explica José Ranolfo, presidente da AMURMAM, Associação de Moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá.
Dentre outras ações da FAS que contribuem diretamente para reduzir o desmatamento e os incêndios florestais está o Programa de Educação e Saúde (PES), que apoia o desenvolvimento integral de populações ribeirinhas e indígenas no interior do Amazonas desde a atenção integral em saúde à primeira infância, a fase de vida de 0 a 6 anos de idade, até com ações de incentivo à leitura e a escrita e promoção do Ensino Fundamental e Médio com crianças e adolescentes. O objetivo é reduzir desigualdades.
Nos nove Núcleos de Conservação e Sustentabilidade (NCS) construídos pela FAS em comunidades, uma média de 525 alunos regularmente matriculados recebem aulas.
Bolsa Floresta e REDD+
Dentre outras ações da FAS para manter o desmatamento e o número de focos de calor reduzido nas Unidades de Conservação estão os pagamentos por serviços ambientais (PSA), uma remuneração ofertada a quem conserva a floresta em áreas de protegidas. O Programa Bolsa Floresta, uma política pública implementada pela FAS desde 2008, é um PSA. Nele, populações ribeirinhas e indígenas que vivem em UCs recebem ganhos diretos, benefícios sociais em nível comunitário, apoio a associativismo, atividades de produção e de geração de renda por ajudarem a proteger a floresta.
Outra iniciativa é o programa REDD+ de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa Provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal, desenvolvido no território da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma, em Novo Aripuanã, que oportuniza a redução do desmatamento numa área sujeita à grande pressão de uso da terra.
O desmatamento e os focos de calor nas UCs com atuação da FAS também são monitorados pelas próprias populações. Jovens ribeirinhos da RDS do Uacari receberam treinamento para monitorar esses dados por meio de GPS, smartphones e tablets.
Sobre a FAS
A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) é uma organização brasileira sem fins lucrativos, sem vínculos político-partidários, que tem por missão contribuir para a conservação ambiental da Amazônia por meio da valorização da floresta em pé, da biodiversidade e da melhoria de qualidade de vida dos povos da floresta. Seus programas beneficiam cerca de 40 mil pessoas em 16 Unidades de Conservação (UC) do Estado, com iniciativas de geração de renda, empoderamento comunitário, melhoria social, bem como conhecimento sobre o a importância do desenvolvimento sustentável.