Na Amazônia, negócios e soluções lideradas pelos povos daqui têm mostrado que a economia regional pode (e deve) ser verde, sustentável e inclusiva. A bioeconomia amazônica é esse caminho, em sintonia com a natureza e a sociedade. É a ponte entre a inovação e ancestralidade, entre o conhecimento científico e os saberes populares. O equilíbrio entre a geração de renda e a conservação ambiental.
A bioeconomia amazônica é uma atividade promissora para o desenvolvimento sustentável da região. Essa definição abrange o conjunto de atividades econômicas relacionadas às cadeias produtivas baseadas no manejo e cultivo da biodiversidade nativa, como as cadeias produtivas de biocosméticos, biofármacos, biocorantes, fibras e outros produtos. Os serviços ambientais, assim como o turismo de base comunitária, também podem ser considerados parte da bioeconomia amazônica.
A FAS acredita e investe na bioeconomia da Amazônia há mais de uma década. A nossa visão de desenvolvimento sustentável só é possível com a prosperidade de quem vive e cuida do nosso bioma amazônico, rios e matas, fauna e flora. Para isso, é preciso fortalecer as ideias, pessoas e empresas integradas às culturas e biodiversidade nativas.
Com projetos e programas dedicados à cultura empreendedora, acesso a crédito, incubação de negócios da floresta e fomento a cadeias produtivas sustentáveis, a FAS é parceira e apoiadora de quem enxerga e eleva o valor da Amazônia viva e em pé. Confira, a seguir, o portfólio, resultados e impactos do trabalho da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em bioeconomia amazônica:
TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA
Gigantesca, em tamanho e importância para o planeta, a Amazônia é um dos destinos mais incríveis que a maioria da humanidade ainda não conhece. Visitar a maior floresta tropical do mundo requer uma boa dose de pesquisa, planejamento e, sobretudo, sensibilidade em fazer escolhas turísticas que não sejam prejudiciais ao ambiente e priorizem experiências genuínas com as culturas locais.
Cada vez mais, viajantes estão tomando consciência e optando pelo turismo sustentável e de base comunitária. A região amazônica, por sua vez, há anos se prepara para a demanda nacional e estrangeira e já colhe os ganhos econômicos e ambientais dessa estratégia. Com o apoio da FAS iniciativas de turismo sustentável tiveram faturamento superior a R$ 15 milhões. Os dados são do período de 2017 a 2022 e correspondem ao trabalho de 24 pequenas empresas turísticas gerenciadas por famílias e associações em comunidades que recebem fomento, capacitação e assessoria técnica da FAS.
Para que seja possível obter o desenvolvimento sustentável da Amazônia, é essencial que as comunidades implementem projetos de geração de renda considerando o uso racional dos recursos naturais a partir de uma visão que utiliza a natureza sem prejudicá-la. Por isso, a FAS está realizando o projeto “Aliança para a Prosperidade da Amazônia”, em parceria com a LVMH – Moët Hennessy Louis Vuitton SE, de aprimoramento da gestão e serviços dos empreendimentos.
Cada vez mais, viajantes estão tomando consciência e optando pelo turismo sustentável e de base comunitária.
Foto: Rodolfo Pongelupe
ARTESANATO E EMPREENDEDORISMO INDÍGENA
Em uma iniciativa pioneira no estado do Amazonas, a FAS e a Google.org lançaram em 2023 o edital “Parentas Que Fazem”. O projeto selecionou associações de mulheres indígenas da região e oferece formação e acompanhamento técnico em gestão empreendedora, durante 12 meses, além do investimento de R$ 250 mil para o desenvolvimento dos negócios sustentáveis de cada grupo.
Dentre as atividades, o projeto “Parentas que Fazem” vem realizando oficinas para resgatar tradições e trocas de saberes entre povos originários, como fazer artesanato com teçume de arumã e fibra de tucum, além do grafismo. As oficinas estão acontecendo nas sedes das próprias associações localizadas no Amazonas, que atuam com artesanato, entre outros produtos, para geração de renda. Entre elas, está a Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro – Numiã Kura (AMARN), com sede em Manaus, e considerada a mais antiga do país, com mais de 37 anos de atuação.
A FAS está apoiando a cadeia também com o projeto “Mulheres Empreendedoras da Floresta”, em parceria com a L’Oréal Fund for Women. A iniciativa, com duração de três anos, promoverá uma jornada empreendedora por meio de oficinas, onde as mulheres serão incentivadas a desenvolver produtos inovadores da bioeconomia e receberão mentoria financeira, além de capital semente para seus projetos.
Atualmente, a FAS apoia 10 grupos de artesanatos em três unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental (APA) Rio Negro, Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro e RDS Puranga Conquista.
MANEJO SUSTENTÁVEL DE PIRARUCU
Para potencializar a pesca sustentável do pirarucu e promover prosperidade em comunidades ribeirinhas, a FAS realiza o projeto “Sistema de rastreabilidade: inovação e inteligência de mercado na cadeia produtiva do pirarucu da RDS Mamirauá”. O objetivo da iniciativa é elaborar e aplicar tecnologias direcionadas aos processos de rastreabilidade de origem do produto, visando aprimoramento, inovação na gestão do negócio e plano de comercialização para inteligência de mercado. A iniciativa tem financiamento da Positivo Tecnologia via Programa Prioritário de Bioeconomia (PPbio), coordenado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam).
A FAS também incentiva a valorização do trabalho dos manejadores e do preço do pescado de origem sustentável através das Feiras de Pirarucu, realizadas na sede da organização em Manaus. As feiras são uma das ações do projeto Cadeia Produtiva do Pirarucu Manejado 2024, parceria da FAS com o Bradesco que tem por objetivo fortalecer a cadeia produtiva do pirarucu com infraestrutura produtiva em Unidades de Conservação na Amazônia.
“Nossa expectativa é boa, porque a FAS explicou como vai funcionar o projeto e a finalidade do diagnóstico. Então, nós sabemos os próximos passos”.
Dalvino da Silva, morador da comunidade São Francisco da Mangueira e líder do setor Macopani da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, no Amazonas.
Foto: Rodolfo Pongelupe
GELO CABOCLO
Na região do Baixo Rio Negro, próximo a capital do Amazonas, um dos serviços mais afetados durante a vazante é a pesca, pois, além de ser o principal alimento dos comunitários, o pescado também é utilizado para as refeições oferecidas aos turistas e vendidas às comunidades próximas.
O serviço é afetado devido ao baixo nível dos rios, causando dificuldade logística para os pescadores realizarem a despesca dos peixes em lagos mais distantes, além da dificuldade de chegarem até às sedes de municípios comprar o gelo que armazena os alimentos, pois há uma demanda maior de combustível para as embarcações, além de tempo longo de deslocamento
Um dos projetos de infraestrutura que a FAS está prestes a implantar na região como solução desse problema é a Fábrica Gelo Caboclo. A fábrica vai utilizar energia solar para produzir e armazenar gelo, reduzindo custos logísticos e aumentando a renda dos pescadores e da comunidade Santa Helena do Inglês, localizada dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, em cerca de 20%. O projeto prevê a geração de mais de três mil quilos de gelo por dia, quando for implementado, em outubro deste ano, beneficiando mais de 400 ribeirinhos.
O Gelo Caboclo é uma iniciativa que tem recursos do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPbio), com recursos da empresa Positivo. As ações da FAS nas Unidades de Conservação (UCs) também recebem apoio da Secretaria Estado de Meio Ambiente do Amazonas (Sema/AM).
INCUBADORA DE NEGÓCIOS DA FLORESTA
A FAS criou a primeira Incubadora de Negócios da Floresta da Amazônia. Em 6 anos (2017 – 2022), empreendimentos da floresta apoiadas pela iniciativa tiveram faturamento de quase R$ 3 milhões.
A incubadora tem por missão contribuir com o crescimento de empreendimentos comunitários amazônicos, disponibilizando recursos, como acesso a crédito, e serviços, entre formação, assistência técnica e intercâmbio com organizações do setor. Assim, estimula-se a economia e inovação na floresta orientadas à geração de renda e à manutenção da floresta em pé. Afinal, uma natureza viva, conservada e fértil é condição essencial para que esses negócios prosperem.
INDICADORES DA FAS EM BIOECONOMIA AMAZÔNICA
66%
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de aumento na renda de pescadores,
entre 2016 e 2022, com o apoio da FAS ao manejo sustentável de pesca
15 mi
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de faturamento bruto, entre 2017 e 2022, em 120 empreendimento de turismo de base comunitária apoiados pela FAS
85 mi
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de faturamento, entre 2016 e 2020,
em cadeias produtivas da sociobiodiversidade
amazônica apoiadas pela FAS
1º
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Incubadora de Negócios Sustentável da Amazônia certificada pelo Cerne (Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos) é da FAS