Há viagens que começam antes da partida. O Banzeiro da Esperança — esse barco que levou saberes, lutas e sonhos entre Manaus e Belém — não nasceu no estaleiro, mas no coração da Amazônia. Nasceu quando alguém, em alguma comunidade distante, olhou o rio – seco ou cheio demais – e se perguntou o que seria do futuro. Nasceu quando as primeiras histórias, aquelas contadas ao redor do fogo ou da mesa de farinha, se transformaram em voz coletiva.
Quando o barco atracou em Manaus para viajar até Belém, no dia 04 de novembro, ele já estava carregado de memórias, de urgências, de territórios. E, sobretudo, das pessoas da Amazônia e seus parceiros, vindos de vários lugares do Brasil e do mundo. Gente que guarda a floresta não porque mandaram, mas porque é assim que se vive. É assim que se respira. Ao longo de mais de 1.600 quilômetros, o Banzeiro navegou levando oficinas, saberes, música, ciência, oração e política. Era barco, mas era também escola, praça pública, museu, assembleia. E todos que estavam a bordo perceberam rapidamente que não se tratava de turismo: tratava-se de transformação.