Mudanças climáticas como pauta da imprensa amazonense é destaque na Virada Sustentável
26/07/2015
O debate sobre a cobertura de mudanças climáticas na mídia amazonense levou especialistas, jornalistas, estudantes e população em geral para o auditório do Parque do Mindu, na manhã deste sábado (25), em Manaus. A conversa enfocou questões como a atuação de jornalistas, a crise dos veículos de comunicação e a busca pela melhor contextualização de eventos ambientais.
Um dos palestrantes, o jornalista da ONG WWF Brasil, Jorge Eduardo Dantas, iniciou o bate-papo com a análise de que atualmente existe pouco critério para busca de informação. “Eventos como esse são sempre muito bons porque nos fazem pensar em como é feito esse jornalismo. Hoje, poucas pessoas procuram se informar através de jornais ou por meio de conteUdo mais aprofundado. Ao invés disso, muitas se informam por boatos na internet, o que acaba prejudicando o conhecimento delas sobre determinadas causas”, afirmou.
Para o professor e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Allan Rodrigues, o jornalismo passa por mudanças culminadas pela própria crise dos meios de comunicação. Segundo ele, resultados de pesquisas desenvolvidas no curso de Jornalismo da Universidade apontam que os eventos ambientais não são contextualizados na mídia. “Não há contextualização e também não há engajamento com a causa da sustentabilidade”, destacou. Allan já trabalhou como jornalista em instituições ambientais como o Ibama e o Ipaam.
De acordo com ele, os repórteres atualmente estão mais preocupados com o fazer do que pensar sobre o que estão fazendo. “O jornalismo que aborda a questão ambiental deve ser melhor desenvolvido na região”, disse. A fala foi reforçada pelo jornalista da Rede Amazônia e correspondente do site O Eco, Vandré Fonseca. Segundo ele, as mudanças climáticas estão presentes na pauta da mídia, mas sem uma análise crítica ou novos questionamentos.
“As mudanças climáticas estão tendo cobertura pela imprensa, mas a maneira como os assuntos são mostrados não levam as pessoas a questionar. O jornalista precisa fomentar essas discussões, buscando pesquisadores e especialistas para embasarem os conteUdos. A pauta deve ter como enfoque mostrar como essas mudanças climáticas influenciam a vida das pessoas, por exemplo”, alertou.
O superintendente da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Virgílio Viana, também contribuiu para o debate ao lembrar que é necessário que os jornalistas locais façam um trabalho de resgate histórico sobre determinados temas. “Ã? necessário fazer um trabalho de memória, um trabalho de coleta de dados para contribuir para a formação de um jornalismo mais profundo”, alegou.
Entre algumas alternativas que podem melhorar este cenário e que já estão sendo feitas pela Fundação está a formação de “repórteres da floresta”, direcionada a capacitar jovens em comunidades no interior do Amazonas. “O jornalismo tem mudado com as novas tecnologias e com iniciativas como essa buscamos atuar na formação. Também podemos incentivar a melhoria de produção por meio de prêmios de jornalismo ambiental e incentivos para projetos de comunicação voltados a cobertura ambiental”, concluiu.
O evento foi uma co-realização entre a iniciativa em São Paulo e a Fundação Amazonas Sustentável (FAS). As organizações que integram e cocriaram o movimento constituem o Conselho Criativo, são elas: Global Shapers Manaus, Movimento Ficha Verde, Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), RP Manaus, Fotoclube Lentes da Amazônia, Ingages, Manaus Ambiental, Studio Caboco, Caboquês Ilustrado, Yoga Manaus, ONG TransformAÃ?Ã?O, Escoteiros do Brasil no Amazonas, Amazon Sat, Pedala Manaus, Banksia Filmes e Projeto Socioambiental Meu Ambiente. O evento conta com patrocínio da Coca-Cola Brasil e Banco Bradesco, além de apoio Governo do Estado do Amazonas, por Meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), TAM Linhas Aéreas e Manaus Ambiental, colaboração da Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Texto: Vanessa Brito