Seminário reúne especialistas para debater as prioridades no desenvolvimento sustentável da Amazônia
27/10/2022
Promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Fundação Amazônia Sustentável (FAS), o seminário “Eleições e o futuro da Amazônia”, através do diálogo entre ambientalistas, pesquisadores, especialistas em políticas socioambientais e lideranças regionais, procurou entender o atual cenário da Amazonia a partir das ações que devem ser priorizadas e colocadas em prática pelo presidente e próximos governadores da região.
O evento foi transmitido no último dia 26 de outubro e está disponível nos canais das organizações no YouTube. Participaram do seminário o coordenador da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Toya Machineri; a articuladora sênior de diálogo político no Instituto Talanoa, Marina Caetano; e o presidente da Fundação Florestal, Mario Mantovani. O debate foi mediado pelo diretor-geral da Fundação FHC, Sérgio Fausto, e pelo superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana.
O ponto de partida do evento foram os resultados da pesquisa de opinião “Eleições 2022 na Amazônia”, um levantamento feito no primeiro semestre de 2022 com eleitoras e eleitores dos nove estados da Amazônia Legal. Entre os resultados revelados, a pesquisa indica que 56,5% dos amazônidas acreditam que que a região não recebe a importância que merece nos debates políticos. 84,5% dos eleitores afirmam que a conservação da Amazônia precisa fazer parte do plano de governo dos candidatos à presidência nestas eleições e quase 80% é da opinião que o país deve ter leis mais severas contra o desmatamento.
A pesquisa foi conduzida pelo Instituto Action no âmbito do projeto “Amazônia nas Eleições 2022: Contribuindo para a agenda climática e a prosperidade social”, organizado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS). Acesse o site e confira mais resultados do estudo.
Amazônia fora do debate político
Para o superintendente geral da FAS, Virgilio Viana, a Amazônia vive um momento crucial em que medidas que colaborem para a conservação da floresta sejam valorizadas e entende que por mais que a população saiba da importância do tema, ainda há muitos obstáculos pela frente.
“A Amazônia está seriamente ameaçada e isso ainda não ocupou um espaço central no debate político nas eleições brasileiras, tanto na esfera federal, quanto estadual, e nos vários níveis do Legislativo”, reforça Virgilio.
Segundo o presidente da Fundação Florestal, Mario Mantovani, outro assunto que também está fora do debate é a relação entre saúde e meio ambiente. Ele observa que a conservação da Amazônia também contribui para o investimento de políticas públicas que possam garantir o bem estar e qualidade de vida dos povos que cuidam da floresta.
“Na região amazônica, 70% das doenças que estão nos hospitais são de origem hídrica, falta de saneamento, lixo jogado em todos os lugares, os vetores de contaminação. Isso impacta de forma muito grande na questão de as pessoas quererem saúde, mas não é relacionado com os temas ambientais”, afirma Mario.
A discussão sobre o desmatamento na Amazônia mais uma vez teve espaço para o debate entre os participantes que pontuaram os principais riscos em volta do assunto e indicaram algumas das possíveis soluções para a mitigação do problema. Marina Caetano, articuladora sênior de diálogo político do Instituto Talanoa, destacou que é necessário “fazer um novo pacto federativo, investir em fiscalização remota, utilizar e integrar os sistemas de dados públicos e independentes”.
Finalizando a conversa acerca do tema, o coordenador da Coiab, Toya Manchineri, afirma que é imprescindível o investimento das autoridades em programas efetivos que consigam alcançar e proteger os territórios indígenas, as unidades de conservação e as terras ainda sem destinação.
“Sem esse tipo de investimento, há uma grande possibilidade das pessoas que fazem a prática da grilagem de terras adentrem nos territórios e façam o que estão fazendo hoje, depredar o meio ambiente”, complementa Toya.
Sobre a FAS
Fundada em 2008 e com sede em Manaus/AM, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil e sem fins lucrativos que dissemina e implementa conhecimentos sobre desenvolvimento sustentável, contribuindo para a conservação da Amazônia. A instituição atua com projetos voltados para educação, empreendedorismo, turismo sustentável, inovação, saúde e outras áreas prioritárias. Por meio da valorização da floresta em pé e de sua sociobiodiversidade, a FAS desenvolve trabalhos que promovem a melhoria da qualidade de vida de comunidades ribeirinhas, indígenas e periféricas da Amazônia.