Empreendedoras montam ateliê para gerar renda sustentável no Rio Negro
21/08/2018
Ações de geração de renda voltadas à confecção têxtil estão beneficiando diretamente mulheres da comunidade Camará, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro. O projeto, além de renda, traz perspectivas de empreendedorismo, gestão de negócios e fomenta a autoestima de mulheres ribeirinhas por meio da produção e comercialização de roupas na reserva.
A iniciativa conta com apoio do Fundo Amazônia/BNDES e se estabeleceu a partir da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), por meio do Programa Bolsa Floresta (PBF), ao identificar o potencial das mulheres do Camará com costura. A comunidade já possuía um ateliê de costura que estava inutilizado, e as lideranças femininas da comunidade demonstraram vontade de aproveitar o que tinham para fazer com que a confecção têxtil crescesse na região. A FAS, então, ofereceu cursos de capacitação técnica e mecânica com todas as mulheres, além de fornecer máquinas de costura, linhas e tecidos.
Durante o início do mês de agosto foram ministrados cursos de corte e costura promovidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para o desenvolvimento de peças variadas como blusas, shorts, roupas íntimas e uniformes escolares. As peças que resultam do curso farão parte de exposições em festas e demais espaços comunitários para que vendas possam ser realizadas.
“Elas enxergam a empreitada como a abertura de um novo leque de oportunidades a partir do momento em que já se sentem capacitadas para exercer as confecções. Elas tinham as máquinas, mas não sabiam como utilizá-las, mas agora elas possuem materiais, conhecimento e força de vontade para alavancar seus futuros negócios”, afirma o técnico do Bolsa Floresta, Augusto Cezar.
Para a próxima etapa do projeto de confecções do Camará, as comunitárias buscam melhoria e evolução dos produtos para o aperfeiçoamento do processo produtivo. A elas, será ministrada uma segunda etapa do curso de corte e costura para garantir a qualidade de suas produções, também pelo Fundação. Na sede da FAS, haverá um mostruário com as peças produzidas pelo Grupo de Mulheres do Camará.
“O grande benefício do projeto é valorização que cada uma sente de si, a partir do momento em que elas conseguem contribuir com a renda familiar e com atividades profissionalizantes que promovam o próprio crescimento. Espera-se, a longo prazo, que consigamos multiplicar tais ações para além das comunidades próximas e que as comunitárias possam levar suas produções para Iranduba e Novo Airão e também possam explorar novas possibilidades”, afirma a coordenadora regional do Bolsa Floresta, Jousanete Dias.
Dentre 19 comunidades da RDS Rio Negro, Camará é a única em que existe um grupo de mulheres empreendedoras no ramo têxtil, o Grupo de Mulheres da Costura do Camará. Um total de 10 mulheres estão engajadas na associação.
Programa de Geração de Renda
A FAS acredita que incentivar a produção sustentável é a melhor alternativa para incrementar a geração de renda dos ribeirinhos e ao mesmo tempo “fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada”. A Fundação desenvolve atividades nas 16 unidades de conservação (UC) onde atua o Programa de Geração de Renda (Bolsa Floresta Renda), que busca contribuir em atividades econômicas já existentes e co-criar outras dentro da perspectiva da inovação e do desenvolvimento sustentável.