Com programação socioambiental inclusiva, FAS somou às vozes da Amazônia presentes na COP28
Fundação Amazônia Sustentável integrou a delegação da sociedade civil brasileira na Conferência do Clima, representando demandas da Amazônia, com fortalecimento de parcerias e investimentos para a conservação e qualidade de vida na região
20/12/2023
A 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) foi concluída nessa terça-feira (12), em Dubai, com um avanço nas negociações: o texto final da conferência abordou, pela primeira vez, a transição global do uso de combustíveis fósseis, como petróleo e gás, rumo a substituição por fontes sustentáveis de energia até 2050. O resultado inédito foi construído pelos 198 países que formam a COP e teve a incidência fundamental da sociedade civil, que pressionou os governos por mudanças substanciais nas políticas climáticas internacionais.
O Brasil esteve presente na COP28 com a maior número de membros já registrado na história e, dentro desse grupo, participação massiva de lideranças e organizações da região amazônica. A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) foi uma das instituições ativas na conferência, incidindo nas discussões climáticas a partir de uma visão conectada com as demandas, ideias e soluções dos povos amazônidas.
O superintendente de Inovação e Desenvolvimento Institucional da FAS, Victor Salviati, avalia que o documento final da COP28 apresentou um avanço importante com “arranjo para o Fundo de Adaptação Climática, um processo dipolmático que teve o protagonismo do governo brasileiro, e para o qual vários países já anunciaram compromissos para doação. Um segundo ponto foi a adoção de métricas de impactos das mudanças do clima, que foi decidido no apagar das luzes da conferência. Esse acordo é muito relevante não só para os países entenderem qual o impacto eles têm tido no passado ou o que eles precisam fazer para diminuir esse impacto no futuro mais próximo, em 2030, e no futuro um pouco mais distante, em 2050”.
O superintendente considera ainda que “um ponto fundamental dessa COP, pensando na Amazônia, é a inserção do tema das florestas e a comunhão das florestas com alimento. Nós sabemos bem na Fundação Amazônia Sustentável, pelo trabalho realizado em agricultura regenarativa, bioagricultura e agricultura dos recursos naturais manejados, que a floresta e a agricultura estão muito conectadas. A COP agora reconhece os sistemas alimentares dentro das mudanças climáticas, seja para adaptação ou para mitigação, tem que estar comungado à floresta”.
Confira, a seguir, alguns destaques da programação da FAS na COP28:
LVMH assina parceria com a FAS para restauração florestal e combate ao desmatamento na Amazônia
O grupo LVMH, responsável pelas marcas Louis Vuitton, Hennessy e Moët et Chandon, lançou uma parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) durante a COP28.
O objetivo do novo projeto é combater a desmatamento, uma das principais ameaças aos ecossistemas da região amazônica. A LVMH vai investir 1 milhão de euros na sua parceria com a FAS para equilibrar a proteção ambiental com um desenvolvimento sustentável que respeite os contextos culturais locais.
“A floresta tem uma dimensão humana muito forte e esta é uma das competências da FAS. Trabalhamos com mais de 800 comunidades ao longo dos anos e conhecemos os povos da floresta, trabalhando ao seu lado com projetos participativos. Nossa abordagem sistêmica abrange desde a educação até a energia solar e o empreendedorismo e é essa diversidade e conhecimento que trazemos para essa parceria com a LVMH no combate ao desmatamento na Amazônia”, diz Virgilio Viana, superintendente geral da FAS.
“A LVMH trabalha com recursos que vêm diretamente da floresta. É muito importante encontrar meios e parceiros para combater a desflorestação, também por razões económicas. Esta é a nossa visão e o espírito desta parceria, e estamos muito satisfeitos por ter a FAS do nosso lado”, afirma Hélène Valade, diretora de desenvolvimento ambiental do grupo LVMH.
Na COP28, povos indígenas do Brasil cobram mais vez e poder de decisão nas mesas de negociação
Na terça-feira (05/12), Dia dos Povos Indígenas na COP28, lideranças indígenas brasileiras atravessaram, em marcha, o corredor central da Expo City, em Dubai, entre as bandeiras dos quase 200 países que compõem a COP28. O dia temático foi um momento para reconhecer o papel desempenhado pelos povos originários pela “sabedoria intergeracional, práticas e liderança na ação climática e saúde do planeta”, de acordo com os organizadores.
Apesar desse propósito, organizações indígenas do Brasil e da Amazônia reclamaram do descompasso entre os discursos oficiais e a prática das negociações de acordos de mitigação, adaptação e financiamento climático, que deixam à margem as visões, demandas e soluções dos povos originários.
“Nós estamos aqui afirmando que não temos mais tempo para apenas discurso e promessas, nós queremos ações concretas”, afirmou Apoihme Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) durante reunião do governo brasileiro na COP28 com representantes da sociedade civil. “Precisamos traçar metas concretas e que sejam efetivadas, mas para que isso aconteça os povos indígenas têm que estar no centro da tomada de decisão”, reforçou Tuxá.
Rosa dos Anjos, mulher indígena do povo Mura e supervisora da Agenda Indígena da Fundação Amazônia Sustentável, afirma que é “muito relevante estar na COP28, representando e dando visibilidade às pautas indígenas, a expectativa é nos articularmos cada vez mais e juntar parceiros para contribuir não só com os povos indígenas, mas com os povos de toda a Amazônia”.
Em painel na COP28, a Secretária Estadual dos Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé, cobrou mais participação e comprometimento dos países em atingir as metas climáticas, a exemplo da redução das emissões de gases estufa, estabelecidas em acordos climáticos anteriores, como o Acordo de Paris. “A gente chega nessa COP pensando, olhando e sempre refletindo qual o nosso papel. E porque que só os povos indígenas estão fazendo a sua parte, e a sociedade não, e o mundo não? Há uma preocupação, porque o povo todo, o mundo todo está jogando essa responsabilidade no Brasil. Essa responsabilidade na mão dos povos indígenas. Eu acho que todos nós, o mundo inteiro, precisamos compartilhar essa responsabilidade”.
Sobre o novo momento do Brasil com a liderança indígena no governo federal e administrações estaduais, o superintendente-geral da FAS, Virgilio Viana, comenta que “não se imaginava que a gente ia ter uma conjunção de fatores tão positivos. Quando a gente teria uma liderança indígena da estatura da Puyr, à frente de uma secretaria no estado do Pará? Quando que a gente ia imaginar ter uma ministra, Sônia Guajajara, chefiando a delegação brasileira na COP. Pela primeira vez, uma mulher indígena, liderando os diplomatas todos e botando ordem no nosso posicionamento institucional”.
No painel “Somos Amazônia, somos solução”, CAF anuncia investimentos na Amazônia no valor de U$ 2 bilhões de dólares até 2030
Durante painel da COP28 no último dia 07 de dezembro, o CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe – fez o lançamento oficial de um plano de investimento na Amazônia no valor de US$ 2 bilhões até 2030. O aporte financeiro vai ser direcionado a três áreas transversais e estratégicas: ciência para inovação, conhecimento e pesquisa; apoio para financiamento institucional na criação de políticas públicas; e sistemas de inovação e coordenação regional.
“Investiremos um montante de US$ 2 bilhões até 2030 para posicionar o CAF como um parceiro estratégico para a região, sua biodiversidade e seu povo”, afirmou Alicia Montalvo, gerente de Ação Climática e Biodiversidade Positiva do Banco de Desenvolvimento da América Latina. “Esperamos ajudar a mobilizar pelo menos US$ 15 bilhões até 2026 e US$ 30 bilhões de dólares até 2030 na aliança com a Coalizão Verde de Bancos de Desenvolvimento para a Amazônia”.
“O lançamento desse programa de soluções para o bioma amazônico representa um enorme esforço dos organismos financeiros da América Latina e indica uma visão abrangente, que incluí conservação, formação, infraestrutura e apoio a governança ambiental”, avalia Karina Pinasco, coordenadora da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável na Amazônia (SDSN Amazônia), iniciativa da ONU liderada pela Fundação Amazônia Sustentável. “Para a FAS e a SDSN é mais uma perspectiva muito relevante que se abre para aprofundarmos nossas ações socioambientais que já estão em curso para uma Amazônia viva, com e para todas as pessoas”.
Sobre a FAS
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia. Sua missão é contribuir para a conservação do bioma, para a melhoria da qualidade de vida das populações da Amazônia e valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade. Em 2023, a instituição completa 15 anos de atuação com números de destaque, como o aumento de 202% na renda média de milhares famílias beneficiadas e a queda de 40% no desmatamento em áreas atendidas entre 2008 e 2021.
Créditos de imagem: João Cunha