Bianca Jagger se diz “encantada” com RDS do Juma
28/11/2008
Uma visita à Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Juma, projeto da Fundação Amazonas Sustentável na Comunidade Boa Frente, no Município de Novo Aripuanã (AM), fez Bianca Jagger mudar os planos que tinha para as filmagens do documentário alemão “Energia autônoma”, do qual ela é uma das protagonistas. A equipe alemã que filmou a participação de Bianca no documentário em plena selva amazônica chegou a Manaus na quarta-feira (19), às 13h, com planos de só iniciar as filmagens na quinta-feira (20), mas logo descobriu que seus planos teriam de ser mudados. Afinal, na Amazônia há de se ter bastante flexibilidade, como os alemães acabaram descobrindo na prática em sua breve passagem pelo Amazonas.
Bianca Jagger havia conhecido o projeto Juma no dia anterior – e ficou absolutamente impressionada com o trabalho desenvolvido por lá – por isso, fez questão de incluir no documentário uma entrevista com o diretor geral da FAS, Virgílio Viana. O resultado foi que a equipe de filmagem teve de fazer algo a que os alemães não são muito afeitos: mudar seus planos imediatamente após a chegada. “Eu fiquei encantada com o que vi no Juma. Era tudo o que sempre achei que seria perfeito, mas até então pensava ser uma utopia”, disse Bianca.
Correria
Acostumados aos rígidos esquemas germânicos, os seis membros da equipe de filmagem tiveram de mostrar jogo de cintura para começar a filmar poucas horas depois de terem desembarcado no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus.
A entrevista foi filmada (em película) no píer do Tropical Hotel e na própria sede da Fundação Amazonas Sustentável. Mesmo se mostrando irredutíveis no começo, os alemães acabaram cedendo às exigências de Bianca Jagger. Foi uma correria para conseguir filmar na mesma tarde em que chegaram a Manaus. Depois de ter montado o equipamento no zoológico do Tropical Hotel, por exemplo, a equipe teve de desmontar tudo e transferir o set de filmagem para o píer do hotel. Chegando lá, mais um imprevisto os surpreendeu. Dois barcos atracados na praia do hotel tocavam forró num volume altíssimo, o que inviabilizaria as filmagens. Nada que uma conversa amigável não tenha resolvido.
Subida à torre na Reserva Cuieiras
Continuando as filmagens do documentário, na manhã do dia seguinte (quinta-feira, 20), Bianca Jagger e a equipe alemã visitaram a Reserva Ecológica do Cuieiras, onde Bianca subiu numa torre de 55 metros de altura em plena Floresta Amazônica, com Dr. Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo. A equipe de filmagem alemã acompanhou Bianca e o físico na escalada da torre, de onde se pode vislumbrar uma imensidão de floresta que vai até onde a vista pode alcançar, num raio de 360º.
O fato de ter muito medo de altura não impediu que a combatente humanitária (como Bianca gosta de ser chamada) subisse todos os lances de escada que levam ao topo da torre, o que deixa claro que, para ela, a causa do aquecimento global é muito mais importante do que qualquer medo pessoal.
A disposição, bom humor e simpatia da ex-mulher de Mick Jagger e ex-jet-setter, aliás, estiveram sempre muito evidentes durante toda sua estada no Amazonas. Ela, que marcou uma era entrando no lendário Studio 54, em Nova York, montada num cavalo branco por ocasião de seu aniversário de 27 anos, já deixou bem claro que esse passado de glamour ficou para trás. “As pessoas parecem só lembrar dessa época da minha vida”, reclamou Bianca, na caminhada de mais de dois quilômetros por dentro da floresta até a torre, momento em que conversou informalmente com quem a acompanhava. É que um desses acompanhantes perguntou se ela ainda fazia parte do mundo da moda. “Eu nunca fiz parte do mundo da moda”, respondeu.
Veja fotos de Bianca Jagger na RDS do Juma
Bianca claramente se ressente do fato de que muita gente no mundo desconhece seu trabalho de defensora dos direitos sociais e humanos. Mesmo depois de ela ser reconhecida mundialmente por seu trabalho em prol de causas humanitárias. Para se ter uma idéia, ela é Embaixadora Européia da Boa Vontade e membro do Conselho de Liderança da Anistia Internacional, além de dirigir a Fundação Bianca Jagger de Direitos Humanos.
Caminho árduo
Chegar à reserva de Cuieiras não é tarefa das mais fáceis. A reserva fica num ramal da BR-174, que liga Manaus a Boa Vista. Ao chegar ao km 52 da rodovia, deve-se encarar mais 34 quilômetros de uma estrada de terra que está em condições precárias. Ao chegar à base, o visitante tem que caminhar mais dois quilômetros e meio dentro da mata para chegar à torre de onde são monitorados vários dados que contribuem para o entendimento do papel da Floresta Amazônica no aquecimento global. Bianca encarou toda a maratona, saindo do hotel às 7h30 e só retornando às 20h. Tudo no maior bom humor e simplicidade.
Na hora do almoço, comeu da mesma salada e frango frito que foram servidos a todos os estudantes, pesquisadores e trabalhadores que estavam na reserva naquele dia. Só não se serviu do feijão com arroz. Na volta, já de noite, estava claramente exausta, mas seu foco ainda se centrava na programação do dia seguinte, em mais uma prova de que o trabalho em favor das causas em que acredita ainda é o mais importante para ela.
Na sexta-feira, Bianca Jagger voltou à RDS do Juma, com a equipe de filmagem, para registrar o dia-a-dia dos comunitários que participam do projeto da FAS, sem dúvida a experiência que mais a emocionou e impressionou em sua temporada amazônica que se encerrou no sábado (22).
Texto: Omar Gusmão – Jornalista
Fotos: Antonio Lima