Receita para mudar vidas: internet leva trabalho e educação a comunidades isoladas do Amazonas
18/09/2020
Você já parou para pensar em como seria a sua vida sem internet? Além de não ter acesso à uma porção de facilidades que a conexão proporciona como pagar boletos, consultar mapas e fazer pesquisas, a internet também é essencial para o trabalho e o estudo de muitas pessoas. Agora imagine ficar sem rede em uma comunidade remota, de difícil acesso e longe dos principais centros urbanos?
Essa ainda é a realidade de comunidades do interior do Amazonas como o Tumbira, situada em Iranduba, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, a 64 quilômetros de Manaus. Um projeto de conectividade digital desenvolvido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e Americanas vem transformando esse cenário e conectando os moradores do Tumbira ao resto do mundo.
A técnica de enfermagem e Agente Comunitária de Saúde (ACS), Maria Augusta Macedo Vieira, de 43 anos, fala como era a vida digital no Tumbira antes do projeto. “Aqui tem internet, mas nem todo mundo tem acesso. São poucas as pessoas que têm”, conta. Para ter acesso à rede, os moradores precisam pagar um valor alto e nem sempre a qualidade da conexão atende às necessidades de quem precisa da ferramenta para se comunicar e ter informações em tempo real, relata a técnica.
Com a chegada do projeto de conectividade em 2019 à comunidade, isso começou a mudar. “O projeto tem ajudado muito e facilitado a comunicação das pessoas com os familiares e amigos em Manaus e outras localidades”, comemora a agente. “Ajuda bastante também aos alunos que fazem faculdade a distância”, completa.
Estudantes, profissionais e os demais comunitários têm acesso à internet por meio do laboratório de informática do Núcleo de Conservação e Sustentabilidade (NCS), da FAS na RDS Rio Negro – uma estrutura integrada à floresta com biblioteca, salas de aula, refeitório e alojamentos para professores e alunos. É nesse espaço que Maria Augusta realiza aspectos importantes do seu trabalho como ACS.
“Usar a internet do laboratório ajudou bastante na minha vida profissional, pois me auxilia a me comunicar melhor com meus superiores que estão distantes”, destaca. A comunicação é essencial para o importante trabalho de um ACS, que cuida da promoção da saúde e promove a prevenção de doenças na comunidade, afirma Maria Augusta.
“Com o projeto de conectividade, também consigo lançar minha produção no sistema educacional E-SUS com mais rapidez, e posso participar de cursos e capacitações importantes para execução do meu trabalho no Tumbira”, diz a agente.
Como ACS, Maria Augusta realiza atividades de promoção da saúde, leva orientações de prevenção de doenças e também atua como mediadora para o acesso a programas de saúde e qualidade de vida aos comunitários. Na agenda, sempre tem visitas domiciliares a diferentes famílias da região.
Com o avanço da pandemia do novo coronavírus no Amazonas, o trabalho como ACS tem sido redobrado para garantir a segurança dos comunitários contra a doença. É nesse cenário que o projeto da conectividade também surgiu como aliado, possibilitando o uso de uma importante ferramenta: a telemedicina. “A telemedicina é tudo via internet e só é possível por causa do projeto. Por ela, nós recebemos orientações e treinamentos para tratar os casos suspeitos da Covid-19 e como atuar para prevenir a transmissão na comunidade”, relata.
Informação, comunicação, educação e qualificação. Maria Augusta agradece a iniciativa que vem, gradativamente, transformando a vida no Tumbira. “É um projeto que só trouxe benefícios e melhorias à comunidade. Por isso, somos todos gratos”, finaliza.
Sobre o projeto
A FAS possui nove núcleos espalhados pelo Amazonas. Atualmente, há cinco deles com acesso à internet, com o mais recente sendo instalado na RDS do Uatumã. Iniciado em 2018, o projeto de conectividade da FAS e Americanas já beneficia, diretamente, mais de 836 pessoas em cinco dos nove núcleos da fundação espalhados pelo Amazonas.