A FAS fortalece as tradições culturais da Amazônia e incentiva a prática de esportes regionais com projetos de canoagem e arquearia indígena. 105 atletas indígenas já foram apoiados pela fundação e ganharam 54 medalhas em 22 campeonatos desportivos
As culturas indígenas são a base da identidade amazônica. Primeiros habitantes e guardiões da terra, os povos da região dominam técnicas, artes e conhecimentos milenares, que seguem amplamente desqualificados e ignorados pela sociedade. Cuidar da Amazônia e de sua biodiversidade passa por conhecer, valorizar e aprender com os saberes e fazeres ancestrais que permanecem atuais e ajudam a conservar a floresta em pé.
Há 15 anos, a FAS desenvolve e apoia projetos que reforçam os valores culturais dos povos originários. Criado pela instituição, o Projeto Arquearia Indígena treina jovens em comunidades e Terras Indígenas (TIs) da região exercitar o arco e flecha como uma modalidade esportiva. O esporte é um caminho para as atuais gerações se reconectarem ou se aprofundarem em uma tradição e uma fonte de autoestima e orgulho, na contramão do esquecimento.
Instrumento polivalente, que serve desde as tarefas correntes da caça e da pesca, até fins religiosos e de proteção, nas mãos da juventude indígena, o arco e flecha ganham novos significados e revelam talentos, como os de Graziela Yaci Santos. Em 2019, a atleta da etnia Karapanã entrou para a história como a primeira indígena da história o Brasil no Tiro com Arco (nome oficial do esporte) em um Pan- Americano.
Participante do projeto desde 2014, Graziela foi preparada por profissionais da Federação Amazonense de Arco e recebeu apoio para disputar competições regionais, nacionais e internacionais. Dentre elas, os Jogos Sul-Americanos de 2018, na Bolívia, no qual foi medalhista de ouro duas vezes, e o Grand Prix do México, que lhe rendeu uma medalha de prata.
Conheça a arqueira indígena Graziela Santos!
“Eu me sinto muito feliz por estar representando meus pais, minha família, minha etnia e os povos indígenas do Amazonas”.
Graziela Yaci Santos, atleta indígena
Também pertencente ao povo Karapanã, Gustavo Santos é mais um atleta revelado pela Arquearia Indígena. Em 2022, o jovem de 25 anos que acumula medalhas em torneios da categoria foi convocado para a Seleção Brasileira de Tiro com Arco. “A FAS é uma das minhas principais parceiras. Foram eles que acreditaram na gente e nos mandaram às competições, mesmo quando tínhamos um nível baixo, competíamos e não ganhávamos nada”, recorda o atleta.
Em uma década de vigência do projeto, a Arquearia Indígena apoiou 37 atletas, que participaram de 21 competições e ganharam 52 medalhas e na modalidade. O projeto conta com o apoio da Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel) e da Federação Amazonense de Tiro com Arco (Fatarco).
Iniciativa-irmã, a Canoagem Indígena e seus atletas também vêm ganhando destaque em torneios no Brasil, fortalecendo os laços entre as culturas tradicionais e o esporte. Em 2022, a indígena Thais Pontes Yacitua foi medalhista de ouro em duas ocasiões, na Copa Brasil Controle Nacional e no Campeonato Interclubes de Canoagem Velocidade, realizados em Minas Gerais e na Bahia.
A atleta do povo Kambeba e seus irmãos, Antônio Weu (medalhista de bronze nas mesmas competições) e Tailo Xirir, foram convidados a participar da competição nacional após participarem naquele ano do 2º Campeonato de Canoagem Indígena, organizado pela FAS em parceria com a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) e a Embaixada da Irlanda.
Após o ano anterior repleto de conquistas, o próximo objetivo dos jovens atletas é a classificação para as Olimpíadas. “Eu vou treinar de tarde e de manhã para ver se eu consigo chegar a uma Olimpíada Mundial”, afirma Antônio.
Para a supervisora da Agenda Indígena da FAS, Rosa dos Anjos, os resultados “são recebidos com muita alegria, porque nos mostram que o projeto está realmente dando certo. Nós já sabíamos do potencial desses curumins e cunhantãs e acreditamos neles”.
O projeto Canoagem Indígena foi idealizado pela FAS e é realizado em parceria com a CBCa. A iniciativa já beneficiou 68 atletas indígenas e ribeirinhos das comunidades Três Unidos, Nova Kuanã e São Sebastião, localizadas na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro.
Leia o livro “Retratos Culturais do Arco e Flecha”, publicação da FAS que trata do arco e flecha como instrumentos para a promoção da cidadania, autoestima e oportunidades para povos indígenas na Amazônia: