Em 5 anos (2016-2020), as cadeias produtivas apoiadas pela FAS na Amazônia, como a do açaí, do guaraná e a da farinha de mandioca, faturaram mais de R$ 85 milhões
A crocância, o tom de amarelo vivo de sua coloração e o feitio arredondado que lembra a ova de um peixe são algumas das características que fazem da farinha de Uarini, no Amazonas, um produto muito apreciado na região e parte de uma das cadeias produtivas mais rentáveis para as comunidades. A qualidade inconfundível vem de um modo de fazer tradicional, mantido através de gerações de famílias que se dedicam à produção do alimento. Pessoas como José Albino, morador da Comunidade Campo Novo, na zona rural do município. O agricultor afirma que o ofício da farinha está na raiz da comunidade, desde que foi fundada, em 1963.
“Essa história, essa cultura veio se alastrando até agora que a gente consegue fazer essa produção de farinha evoluir cada vez mais. Então, ela vai passando assim, de pai pra filho, dando continuidade”, diz. Através de investimentos da Fundação Amazônia Sustentável e do Fundo Amazônia/BNDES, os moradores de Campo Novo e de comunidades vizinhas que integram a cadeia produtiva da farinha de Uarini contam com assessoria especializada e apoio em infraestrutura para aprimorar a produção, sem perder a identidade.
“Por mais que se agregue valor ao produto, as pessoas continuam produzindo de maneira tradicional. Então é hiper importante manter a tradição quando a gente fala de um produto, que talvez seja o mais consumido na nossa região”, pontua Wildney Mourão, gerente do Programa de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da Amazônia (Pensa) da FAS.
As melhorias técnicas reduzem o tempo e esforços envolvidos na cadeia produtiva, a exemplo do transporte das sacas de farinha, antes feito a pé, e atualmente percorrido por motos.
“A maioria das cozinhas fica distante da nossa comunidade, então facilita muito, porque antes a gente passava de 1 a 2 horas com a saca de farinha nas costas. Hoje não, a gente passa de 10 a 20 minutos para transportar as sacas de farinha”.
Ransque Oliveira, agricultor e morador da Comunidade Punã, uma das localidades beneficiadas com o projeto.
Como é feita a farinha de mandioca | Soluções para a Sustentabilidade
A união de 15 comunidades produtoras da região deu origem à marca “A Ribeirinha”. A farinha é embalada na Empacotadeira de Farinha, central de beneficiamento sustentável construída no Campo Novo, com apoio da FAS, em 2020. “A Ribeirinha” é reconhecida pelo Selo Origens Brasil, que atesta a procedência florestal e o respeito ao meio ambiente, suas populações tradicionais e seus territórios. Além de feiras populares e mercados locais, a farinha de Uarini agora também pode ser adquirida online, na loja virtual “Jirau da Amazônia”, uma parceria entre Lojas Americanas e FAS.
A certificação de origem e a expansão de mercado resultam na valorização dos produtores e na remuneração justa. “A gente tem o preço justo do nosso produto e garante uma qualidade de vida das nossas famílias, dos nossos filhos”, orgulha-se José Albino. “Com esse projeto eu acredito que a gente vai alcançar, a nossa cadeia produtiva vai ser valorizada”.
A farinha de Uarini é uma das cadeias produtivas na Amazônia apoiadas pela FAS. A organização desenvolve projetos de fomento e suporte logístico, de comunicação e de empreendedorismo a mais de 40 mil famílias ribeirinhas que mobilizam a bioeconomia amazônica. Ao todo, as cadeias do açaí, guaraná, banana, artesanato, agricultura familiar, cacau, castanha, farinha, guaraná, manejo florestal, óleos vegetais, manejo florestal, da pesca do pirarucu e do turismo sustentável faturaram mais de R$ 85 milhões de reais em 5 anos de parceria com a Fundação Amazônia Sustentável.
Leia o estudo “Expansão dos negócios da Farinha na Amazônia”, desenvolvido pela FAS em parceria com a Universidade de Notre Dame: