A FAS incentiva o empoderamento comunitário na Amazônia. A fundação realizou 35 encontros e capacitou 1017 lideranças, das quais 52% são mulheres. O apoio é dado à 19 associações-mãe de Unidades de Conservação (UCs) da região, cobrindo uma área de 11.842.362,89 quilômetros quadrados
Puxirum é palavra muito conhecida pelas populações amazônicas. Originária da cultura tupi, quer dizer ajuntamento de gente, trabalho cooperativo para ajudar uma pessoa amiga, vizinha ou em prol do bem maior. O auxílio comunitário pode tomar muitas formas: preparar a roça, levantar uma casa, organizar a festa. Puxirum é gesto de solidariedade que fortalece o senso comunitário e reafirma o território-comum.
Cuidar da Amazônia, mantê-la viva e fértil para todos, é feito um enorme puxirum, construído por várias mãos. A Fundação Amazônia Sustentável fortalece essa trama pelo incentivo ao empoderamento de comunidades locais: atualmente, a instituição apoia 19 associações-mãe de Unidades de Conservação (UCs) de uso sustentável na Amazônia, contribuindo com a conservação ambiental de uma área de mais de 11 milhões km².
As associações-mãe representam as comunidades e são a força vital que organizam a vida e as decisões coletivas para a melhor gestão das UCs. Em parceira com as associações-mãe, a FAS realiza a formação de lideranças e fornece apoio de infraestrutura e operacional para a realização das atividades e eventos comunitários. Entre 2017 e 2021, mais de mil lideranças foram capacitadas em cursos, encontros e oficinas promovidas pela fundação. Com as ações, promove-se acesso a caminhos e instrumentos que aumentam o empoderamento das comunidades na reivindicação por direitos e serviços públicos de qualidade.
Um dos momentos centrais de união, planejamento e troca de experiências para os comunitários é o Encontro de Lideranças. Realizados anualmente com apoio do Fundo Amazônia, Governo do Amazonas e Bradesco, os encontros agregam as diretorias de associações, secretários e outros representantes para a discussão de prioridades de investimento e estabelecimento de um planejamento conjunto com a FAS.
A superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS, Valcléia Solidade, explica que “a metodologia que utilizamos parte do princípio participativo. Trazemos mesas-redondas de debate, assim como trazemos muito a questão da capacitação, da formação”.
“Para mim, o Encontro de Lideranças é um nome de fantasia, porque na realidade eu reconheço o encontro como uma faculdade, onde a gente tem aprendido muito, eu aprendi muito”, diz Raimundo Teixeira, representante da Comunidade Surara da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, no estado do Amazonas. “Hoje a gente consegue se empoderar de algumas coisas que a gente não tinha conhecimento e acredita que através do Encontro de Lideranças a gente vem conseguindo fazer a diferença dentro das nossas comunidades com o aprendizado que a gente leva pros nossos comunitários e isso é muito significante pra gente”.
“A atuação da FAS teve uma importância muito grande no desenvolvimento das comunidades, na questão de políticas públicas, formação de lideranças e geração de renda”.
José Albino Batalha, líder comunitário na Comunidade Campo Novo, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM)
A crescente participação das mulheres nos espaços coletivos de decisão é um fenômeno acompanhado e estimulado pela FAS, que realiza espaços de aprendizado sobre empoderamento feminino. “Hoje eu sei que é importante saber o conceito de empoderamento para compartilhar com as outras mulheres da comunidade porque nós podemos mostrar a nossa força”, conta Elizangela Cavalcante, professora e extrativista que integrou um dos cursos sobre o tema, oferecidos pela fundação em parceria com as Lojas Americanas.
Curso de Empoderamento Feminino na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro/AM
Para a jovem Luana Almeida, que mora na Comunidade Tumbira, no Rio Negro, o Curso de Empoderamento Feminino foi um momento de partilha e reconhecimento entre diferentes gerações de mulheres ribeirinhas.
“A importância de juntar todas elas é que tu tens uma divisão entre pessoas mais velhas e pessoas mais novas, que são as novas gerações, que ali vão trocando ideias e experiências. É uma interação onde se aprende e pode empoderar. A gente vê a luta de cada uma delas, vê o que elas passaram, vê como elas foram fortes. Elas choraram, lutaram, cresceram, aprenderam e aqui elas estão passando conhecimento pra gente que ainda vai viver lá na frente e precisar disso”, afirma.
Por meio do envolvimento na organização e gestão nas Unidades de Conservação, as mulheres da Amazônia fazem valer a importância que sempre tiveram na dinâmica social nas famílias, no trabalho e nas comunidades. Entre 2017 e 2021, a representação feminina nas associações-mãe teve um crescimento de 109%.
“Pra gente, é super importante ter a FAS como parceiros. A mudança foi que as pessoas não preservavam muito a reserva e hoje eles têm essa preocupação de não deixarem as pessoas invadirem, tem a preocupação de proteger, de preservar. Tem sido muito interessante, é uma base de conhecimento incrível pra gente, eu vou levar muita coisa pra minha comunidade, principalmente com o foco de liderança”, diz Vaneza Ferreira, moradora da Comunidade Caioé na RDS Puranga Conquista.
Leia a cartilha “Empoderamento Comunitário, Cooperativismo e Associativismo” produzida pela FAS: