A FAS criou a primeira Incubadora de Negócios da Floresta da Amazônia. Em 6 anos (2017 –2022), empreendimentos da floresta apoiadas pela iniciativa tiveram faturamento de quase R$ 3 milhões
A economia na Amazônia necessita de novas diretrizes, em sintonia com o ambiente e a sociedade. Escapar do enredo a que foi atrelada por séculos, aquele que dita que dela somente se extrai, a fauna e flora vistos exclusivamente como recursos e não patrimônio, e nada se investe. Precisa de uma atitude diferente em relação aos seus potenciais, com as pessoas no centro das decisões e como principais beneficiadas dos ganhos financeiros. A incubadora da FAS surge como um apoio aos povos da floresta.
Exemplos nativos de práticas que bem equilibram progresso econômico, igualdade e valorização ambiental já existem. Para que outros se desenvolvam e se multipliquem pela região, a FAS coordena a Incubadora de Negócios da Floresta. Entre 2017 e 2022, empresas de base comunitária apoiadas pela fundação alcançaram faturamento de quase R$ 3 milhões.
Criada em 2013, a Incubadora de Negócios da Floresta da FAS foi a primeira iniciativa da Amazônia nesta categoria dentro do terceiro setor. A incubadora tem por objetivo contribuir com o crescimento de empreendimentos comunitários amazônicos, disponibilizando recursos, como acesso a crédito, e serviços, entre formação, assistência técnica e intercâmbio com organizações do setor. Assim, estimula-se a economia e inovação na floresta orientadas à geração de renda e à manutenção da floresta em pé. Afinal, um ambiente fértil e conservado é condição essencial para que esses negócios prosperem.
Para que atividades tradicionais ampliem o seu alcance e produção, sem perder a identidade, a FAS aplica soluções tecnológicas adaptadas às realidades amazônicas. O caso do projeto da Empacotadora de Farinha Ribeirinha exemplifica o diferencial da mentoria da Incubadora de Negócios da Floresta. Localizada na comunidade Campo Novo, a mais de 600 km de Manaus (AM), a empacotadora foi estruturada com sistemas de energia solar e internet para o beneficiamento da farinha de mandioca “A Ribeirinha”, produzida pelos produtores rurais da região, e facilitar o contato com compradores.
Empacotadora de farinha de Uarini (AM) recebe instalação de sistema de energia solar e internet
“Então a chegada tanto da internet quanto dos módulos solares aqui na empacotadora do empreendimento vai nos ajudar a superar um gargalo que vem há mais de 2 anos nos atrapalhando no negócio”, ressalta Raimundo Rodrigues “Xexéu”, presidente da Associação de Moradores e Usuários da RDS Mamirauá (AMURMAN).
“A empacotadora tem o selo, aí o pessoal compra e já vai selada para Tefé, para Manaus, aí de lá ela vai ter uma qualidade da nossa comunidade. Com a nossa marca, a nossa farinha já vai ser conhecida”.
Raimunda Batalha, agricultora e produtora de farinha na Comunidade Campo Novo (AM)
Em 2022, a Incubadora de Negócios da Floresta obteve a Certificação CERNE 1 – Processos e práticas. Regulada pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) em parceria com o Sebrae, a certificação reconhece que a qualidade e eficiência do método de gestão da incubadora. “Os resultados alcançados pela incubadora de negócios da FAS com a conquista de uma certificação nacional nos colocam como primeiro ambiente de inovação do terceiro setor, habilitado a desenvolver negócios sustentáveis na Amazônia”, aponta Wildney Mourão, gerente do Programa de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da Amazônia (Pensa) da FAS.
Leia o guia “Laboratório de Práticas de Negócios da Amazônia”, produzido pela FAS: