A seca do Amazonas
21/09/2010
* Virgílio Viana – Carta publicada originalmente no jornal Valor Econômico dia 20/09/2010.
Os dados são alarmantes. Nos últimos dias, quase 10 prefeituras já decretaram situação de emergência, mais de três mil famílias estão impactadas e o baixo nível dos rios vem atingindo marcas históricas e superando níveis de quase 50 anos.
O mundo tem acompanhado esse cenário pela internet, pelo rádio e pela TV. Alguns, como nós, pelo trabalho de campo realizado por quem vive a realidade do Amazonas. E é fato: a seca do Amazonas é preocupante.
Primeiro, porque resulta em um problema que afeta – e muito – a qualidade de vida do Amazonas, em especial pela falta de água potável e pela alta mortandade dos peixes. Depois, e talvez mais importante, porque esse cenário pode estar, literalmente, associado ao processo de mudança climática global.
Há cinco anos vivemos uma das piores secas da história deste estado. E hoje voltamos a ter uma crise aguda, em alguns pontos superando a de 2005 e com previsões de mudança apontando para o aumento da frequência das secas.
O resultado é um problema de natureza social e ambiental: nas florestas, incêndios; nos rios e lagos, o aumento descontrolado da mortandade dos peixes; na comunidade, problemas com abastecimento de água, de combustível, de energia, de alimentos e de medicamentos.
O tempo está mais curto. É hora, de um lado, de adotar medidas de mitigação. De outro, de alertar para que o governo, as organizações públicas e privadas e as pessoas se preparem para atividades de adaptação.
*Virgílio Viana – Engenheiro Florestal, PhD em Biologia pela Universidade Harvard, é superintendente geral da FAS –