Al Gore esquenta o debate sobre mudanças climáticas na fria Poznan, onde acontece a Cop 14, na Polônia
12/12/2008
O Prêmio Nobel da Paz e ex-vice-presidente democrata dos EUA, Al Gore, arrancou aplausos de uma platéia de mais de 1000 pessoas na Cop 14 em Poznan, Polônia. Sua fala na sala de conferências número 8, no complexo onde acontece a reunião sobre mudanças climáticas da ONU, foi a mais concorrida de todo evento que iniciou no dia 1 de dezembro e termina hoje 12/12. Gore “cutucou com vara curta a onça” ao dizer que: “a nossa terra está ameaçada”. Ele destacou também a necessidade de urgência para encontrar as soluções que poderão de, alguma forma, reverter o grave problema do aquecimento global. “Não podemos negociar com a verdade sobre a nossa situação, ou seja, com a emissão diária de 17 milhões de toneladas de poluição na atmosfera, com glaciais derretendo rapidamente, lagos desaparecendo, oceanos se acidificando…”
Gore disse ainda que o Tibet, a “torre de água da Ásia” é a fonte desse recurso para 1,4 bilhão de pessoas, mas que está sob constante risco de esgotamento.O Nobel salientou que “o aquecimento da água tem gerado tufões e furacões, enchentes e milhares de mortes em todo o mundo”.
Inquieto com o imobilismo das nações desenvolvidas Al Gore ponderou sobre o contraste entre a velocidade com que estamos chegando próximo ao ponto de não retorno e a baixa velocidade que está sendo imprimida para solucionar o problema, que é gravíssimo.
Dispersão
Ele frisou que a recessão mundial e o business lobby estão tentando desviar os líderes políticos de suas obrigações e que apesar da ampla divulgação, muitos ainda não sentiram a urgência da mitigação das mudanças climáticas. Nessa direção e diante da recessão global, “o único caminho é um esforço sincronizado em energias e crescimento sustentáveis”, comentou enfaticamente.
Chineses
Nesse sentido, ele disse que a China anunciou esforços para reduzir emissões. Mas, muito mais precisa ser feito, pois persiste a luta entre medo e esperança. “Temos de criar empregos e ao mesmo tempo reduzir as emissões, isso terá de ser alcançado pelo new green deal”.
Brasil
Al Gore fez menção em seu discurso ao Plano de Mudanças Climáticas do Brasil apontando-o como uma medida adequada e digna de ser seguida pela seriedade de sua abrangência e metas. Frisou, igualmente, que nos EUA há promessas e razões para esperança e que muitos cidadãos já abraçaram o Protocolo de Kyoto sem esperar pelo Governo americano. Aproveitou para criticar as indústrias que defendem o carvão como alternativa energética.
Obama
Na condição de democrata disse que esteve com o presidente eleito dos EUA Barack Obama e que ouviu do novo líder mundial, que ocupará a Casa Branca em Washington, no dia 20 de janeiro de 2009, “que a luta do clima será uma prioridade de sua administração e que haverá uma economia limpa e que os EUA vão se engajar vigorosamente nas negociações”.
Al Gore também defendeu a capacity building nos países desenvolvidos para enfrentar a paralisia no sistema político. Ao final, disse que as metas são muito difíceis, mas que, mesmo assim, “temos de aumentar essas metas com vistas a reduzir para 350 / 450 partes por milhão as emissões”. Salientou que é imperioso terminar o processo em Copenhagen, e, que, isso, pode ser feito, e que é uma questão moral e espiritual, pois afeta a sobrevivência da civilização. “Para tanto é preciso ter coragem moral necessária para fazer o que parece impossível”.
Otimismo Mesmo em face aos poucos avanços nas negociações da Cop 14 observou que entre Poznan e Copenhagen (Dinamarca – no próximo ano) ainda há tempo para que os Chefes de Estado possam se engajar para reverter as mudanças climáticas em grande escala. Finalizou sua mensagem com o clássico: “Yes we can!” “Sim, nós podemos”.
Por Antonio Ximenes
Editor chefe do site FAS
De Poznan, Polônia