Aliança entre Brasil e Peru para conservação da Amazônia é legado da COP-24
20/12/2018
A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP24, terminou semana passada, na Polônia, com os países participantes definindo regras para implementar o Acordo de Paris e combater o aquecimento global. Entre as ações alcançadas com o mesmo objetivo houve um termo de cooperação técnica e institucional entre o Brasil e Peru para buscar financiamento climático e conservação da floresta amazônica. O Amazonas, através da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), foi protagonista nesse acordo.
O termo de cooperação institucional foi assinado na última terça (11) entre a FAS, a Associação Nacional de Executores do Contrato para a Gestão de Reservas Comunais do Peru (ANECAP) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA). No documento, os dois países representados pelas três instituições se comprometeram em buscar juntos financiamentos climáticos para projetos e estratégias subnacionais de conservação da floresta.
A experiência do Amazonas em financiamento climático levado pela FAS à COP24 foi o projeto REDD+ Juma, desenvolvido dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma, no município de Novo Aripuanã, a 227 quilômetros de Manaus. No programa, empresas e instituições privadas fazem a compensação de suas emissões de carbono investindo e financiando ações de conservação ambiental dentro da floresta, como o manejo florestal dentro da RDS do Juma.
“Algo muito positivo nas COPs são essas parcerias. A COP dá oportunidade para empresas, bancos, governos e sociedade civil se encontrarem e identificarem pontos comuns e avançarem em parcerias. Esse talvez seja um dos principais legados dessa COP”, ressaltou o superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana. “É um espaço de convergência e de criação de agenda comum, o que pode ser uma fonte de esperança dentro de um cenário tão ruim apontado pela ciência”, disse.
O gerente do Programa de Desenvolvimento Institucional da FAS, Victor Salviati, ressaltou a importância dessas parcerias com o setor empresarial e o governo. “Um dos pontos importantes apontados no evento é que a FAS consegue reunir setor privado, fundos financiadores e governo para, com as comunidades e associações, desenvolver um plano de gestão da reserva e implementá-lo com ajuda de recursos privados (como no projeto do REDD+ do Juma)”, explicou.
Outra experiência amazonense levada à COP24 pela FAS foram os projetos e atividades subnacionais que são implementadas nas Unidades de Conservação do estado, que subsidiam a Estratégia de Longo Prazo (ELP) brasileira. Tais atividades são um exemplo de que estratégias podem ser mais ambiciosas para conservar o meio ambiente e engajar empresas, governo e sociedade. Participaram também e compartilharam iniciativas próprias o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e o Fórum Brasileiro de Mudanças do Clima (FBMC).
As três instituições concordaram em alguns pontos para pensar e atuar a favor de uma conservação ambiental a longo prazo: transparência nas ações, liderança de gestão e priorização das medidas que forem mais urgentes. No evento, inclusive, ficou evidente a necessidade de o setor empresarial brasileiro avançar na participação e envolvimento dessas estratégias a longo prazo, mesmo que iniciativas regionais como a REDD+ Juma, com objetivo de fazer o País cumprir com as metas do Acordo de Paris a que se comprometeu.
“O evento foi uma oportunidade de debatermos as principais conclusões do trabalho desenvolvido pelo FBMC nos últimos anos, o trabalho desenvolvido pelo setor empresarial e instituições não governamentais sem fins lucrativos. Além disso, foi uma oportunidade para a FAS compartilhar as lições aprendidas e resultados do trabalho desenvolvido no Amazonas”, acrescentou Virgílio Viana.
COP24
A COP24 terminou com mais de 150 países definindo ações e série de regras para implementar o Acordo de Paris até o ano de 2020. Todas os países participantes concordaram em compartilhar detalhadamente os esforços de cada um para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e, assim, o aquecimento global.
Até o ano de 2024 as nações signatárias do Acordo de Paris também combinaram de apresentar relatórios sobre as soluções encontradas e implementadas contra as mudanças climáticas. “Estamos necessitando de uma ação muito mais rápida e forte para enfrentar as mudanças climáticas e fazer também as nossas mudanças, tanto em padrões de consumo quanto dos sistemas de produção daquilo que nós consumimos atualmente”, alertou Virgílio Viana.