Benefícios sociais chegam na RDS do Uacari, no Médio Juruá
30/10/2008
Comunitários vão receber equipamentos das Bolsas Floresta Renda, Associação e Social
No próximo dia 18 de dezembro a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uacari, no Médio Juruá, receberá um conjunto de benefícios da Fundação Amazonas Sustentável. Essa unidade de conservação, que também conta com um forte apoio do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), elaborou uma relação de suas prioridades no âmbito das Bolsas Florestas Renda, Associação e Social.
Atualmente há 227 famílias cadastradas no Programa Bolsa Floresta, dessas 201 recebem o cartão Bolsa Floresta Familiar. As 26 famílias que ainda não receberam o cartão passarão a recebê-lo tão logo se regularize os documentos como CPF e RG. Isso deverá acontecer até o final de dezembro de 2008. Destacamos que as primeiras famílias começaram a receber o cartão em maio de 2008, entretanto, os recursos do cartão já estavam sendo alocados desde janeiro do corrente ano, ou seja, quando as famílias receberam o cartão havia valores acumulados, que foram automaticamente repassados. As famílias estão distribuídas em 22 comunidades da RDS do Uacari, que conta com aproximadamente 1.680 pessoas.
Investimentos
Nos dias 10 e 11 de setembro de 2008 com a participação em média de três pessoas por comunidade foi realizada a oficina para a definição dos investimentos dos recursos referentes às Bolsas Floresta Renda, Associação e Social, na comunidade Bauana, que tem como líder local Almires das Chagas Gondim.
Na ocasião estavam presentes membros da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc), do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), e diretores da Associação dos Moradores Agroextrativistas (Amaru) da RDS do Uacari, dentre eles, o presidente Francisco Flávio Ferreira do Carmo.
Bolsa Floresta Renda
É um componente do Programa Bolsa Floresta que serve para apoiar a produção sustentável como a criação de peixes, extração e comercialização de óleos vegetais, plantio de frutas, mel, entre outras culturas da floresta. O grande objetivo é fortalecer a geração de renda na RDS do Uacari. No processo da cadeia produtiva identificamos onde há necessidade da participação direta da FAS. Desde o processo de coleta passando pelo armazenamento, beneficiamento, transporte e comercialização. Ao identificarmos onde está o principal gargalo direcionamos, em comum acordo com os comunitários, os investimentos que devem ser feitos. Uma das nossas práticas nessa modalidade do Bolsa Floresta Renda é fazer uma avaliação das potencialidades de produção, bem como do mercado como um todo nas esferas regional, nacional e internacional.
Nessa reunião foi definido que os investimentos devem ser feitos na construção de transporte fluvial (dois barcos, com aproximadamente 18 metros de comprimento, e com capacidade individual para 20 toneladas). Essas embarcações vão escoar borracha, amêndoas de andiroba e de muru-muru – para a produção de óleos vegetais, farinha de mandioca, milho, melancia, batata doce, abóbora, abacaxi, abacate, banana, entre outras da região.
Também foi definido que deveria haver a construção de tablados de secagem de sementes oleaginosas, tais como muru-muru e andiroba em pontos estratégicos da RDS do Uacari. Atualmente existem seis tablados de secagem. Com os novos que serão construídos a RDS terá cobertura total em relação a demanda de secagem de sementes. Também ficou definido que existe a necessidade de aquisição de uma máquina de quebra do coco de muru-muru. Essa prática, até o momento, é feita de forma artesanal pelas mulheres com um pequeno porrete que, pela rusticidade, provoca ferimentos nas mãos. A máquina será adquirida e a administração do seu manuseio será feita pelas mulheres, que não perderão receita.
Definiu-se também que serão realizados investimentos na criação de pequenos animais (galinha e patos) para consumo próprio.Em determinadas épocas do ano, com a diminuição dos peixes nos rios e igarapés locais falta alimentos. Em um segundo momento, em havendo uma produção excedente desses animais, pode-se comercializá-los no mercado local.
Os comunitários também definiram que deveria se adquirir um disco de serra para recorte da madeira usada em artesanato, como a confecção de cadeiras feitas de madeira e cipó titica.
Solicitação dos Comunitários
QUANTIDADE
Construção de chalanas -transporte
2
Construção de tablados de secagem
2
Máquina quebra coco de muru-muru
1
Criação de pequenos animais
em 3 comunidades
Disco de serra
1
Total R$ 117.000,00
Presidente do Conselho Nacional de Seringueiros, Manoel Cunha, e Francisco Pinto, Coordenador do Programa Bolsa Floresta Renda e Associação, na RDS de Uacari
Bolsa Floresta Associação
Formação de associações nas unidades de conservação, como prioridade de organização das comunidades.Na mesma reunião ficou definida uma ajuda de custo aos diretores da Amaru, para o deslocamento deles de suas comunidades até a sede do município (Carauari), bem como para outras comunidades, dentro ou fora da reserva. Essa verba também será empregada no custeio de despesas, como alimentação e hospedagens.
Também foi definido em conjunto com os comunitários que o cuidado das roças e outras atividades produtivas dos diretores da Amaru, será realizado por outros comunitários que receberão por este trabalho, na ausência do dirigente, desde que ele esteja à serviço de sua associação.
Haverá também ajuda de custo ao dirigente, em forma de combustível, para o seu deslocamento à serviço da associação. Haverá, igualmente, apoio financeiro para a realização de quatro reuniões da diretoria ao longo do ano.
Será entregue o “kit Associação”, que é composto de computador (notebook), impressora, fax, telefone, mesas, cadeiras, placas de captação de energia solar. A FAS também apoiará na construção da sede da Amaru. Especificamente no item, do kit Associaçao, a FAS já entregou ao presidente da Amaru, Francisco Flávio Ferreira do Carmo, um notebook, impressora, cartuchos de tinta, estabilizador de energia, e demais equipamentos de suporte de informática. “Foi muito bom receber antecipadamente este kit, porque nos ajuda a organizar os documentos da Amaru e mostra para os comunitários que o Bolsa Floresta Associação é para valer mesmo. Nós vamos construir a sede como contrapartida. Estamos trabalhando para isso”, comentou.
Solicitação dos Comunitários
QUANTIDADE
Ajudas de custo/ano (presidente quando em viagem)
48
Diárias/ano (apoiar ações do diretor na comunidade)
36
Gasolina (60 lt. bimestralmente)
360 litros
Óleo 2T (5 Lt. Bimestralmente)
30 litros
Reunião Diretoria /ano
4
Diesel (250 Lt. p/ cada reunião)
1000
Óleo Lubrificante (5 Lt. p/ cada reunião)
20 litros
KIT ASSOCIAÇÃO
Voadeira – 40 hp / completa
1
Computador
1
Impressora
1
Mesa e jogo de 4 cadeiras
1
Material de Expediente (R$ 200,00 p/ mês)
12 meses
GPS
1
Kit Energia Solar
1
Aparelho de FAX
1
Sede/construção da AMARU
1
OBS: Será dado apoio à mobilizaçao social das comunidades
Total R$ 58.060,00
Francisco Flavio, Presidente da Associação Amaru e Joana Teresa, chefe da RDS Uacari, conferem relação de iténs dos Programas Bolsa Floresta Associação , Renda e Social
Bolsa Floresta Social
Está voltada às atividades relacionadas com as áreas de comunicação, transporte, educação e saúde. Ficou definida a aquisição de cinco rádios para comunicação comunitária, uma ambulancha, a perfuração de 4 poços artesianos, a construção de oito caixas d`água, a aquisição de oito bombas de sucção e distribuição de água, 800 metros de mangueira, 800 metros de fios e sete aparelhos para medir pressão para os agentes de saúde.
SOLICITAÇÃO DOS COMUNITÁRIOS
QUANTIDADE
Rádio comunicação
5
Ambulancha – 40 Hp
1
Poços artesianos
4
Caixa D’água
8
“Bomba Sapo”
8
Mangueira ¾ (mm)
800 metros
Fio paralelo
800 metros
Aparelhos de medir pressão ag. saúde
7
Total R$111.400,00
Todos os equipamentos estão sendo adquiridos, sendo que alguns já foram entregues, como o kit de informática para a Amaru, entregue ao seu presidente Francisco Flávio Ferreira do Carmo, na comunidade Bauana, onde ele mora.
Segundo Francisco Pinto dos Santos, 30, coordenador das Bolsas Floresta Renda e Associação “esses investimentos representam uma conquista histórica dos comunitários da RDS do Uacari e, conseqüentemente, uma visível melhora na qualidade de vida desse povo da floresta, que vive no Médio rio Juruá, no município de Carauari”.
Santos frisa ainda que, tradicionalmente, essas comunidades sempre estiveram à margem do desenvolvimento sustentável, o que às levou, muitas vezes, a provocar o desmatamento em grande escala para obter renda. Agora, diferentemente do passado, elas têm o apoio de uma fundação de cultura sustentável, que lhes permite viabilizar a cadeia produtiva local, a organização comunitária e a implantação de uma infra-estrutura básica nas áreas da saúde, saneamento básico, educação, comunicação e transporte.
Segundo ele, ainda há muito o que fazer,”mas podemos afirmar que iniciamos uma caminhada que tem tudo para dar certo, em função do envolvimento dos comunitários na defesa de uma realidade menos inóspita, que possa oferecer qualidade de vida dentro da floresta, na região onde eles vivem”.
Comunitários da comunidade Santo Antonio do Brito, mostram certificado de participação da oficina Bolsa Floresta