FAS e A Gente Transforma, de Marcelo Rosenbaum, lançam projeto “Molongó - o design a serviço do brincar” desenvolvido na RDS Mamirauá - FAS - Fundação Amazônia Sustentável
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FAS e A Gente Transforma, de Marcelo Rosenbaum, lançam projeto “Molongó – o design a serviço do brincar” desenvolvido na RDS Mamirauá

FAS e A Gente Transforma, de Marcelo Rosenbaum, lançam projeto “Molongó – o design a serviço do brincar” desenvolvido na RDS Mamirauá
agosto 10, 2017 FAS

FAS e A Gente Transforma, de Marcelo Rosenbaum, lançam projeto “Molongó – o design a serviço do brincar” desenvolvido na RDS Mamirauá

10/08/2017

 
Por Lívia Salomoni
Por meio do A Gente Transforma – liderado pelo escritório de design e inovação Rosenbaum®, Marcelo Rosenbaum e sua equipe já conheceram e trabalharam com diferentes comunidades do Brasil profundo. As imersões são guiadas pela metodologia do Design Essencial, que usa o design como ferramenta para estimular a reconquista de valores essenciais em comunidades conectadas com a ancestralidade, o sagrado e a natureza, valorizando a economia criativa local.
Uma das mais recentes experiências foi iniciada a partir de uma imersão de nove dias na comunidade de Nova Colômbia, situada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, Amazonas, a convite da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) – em parceria com o Instituto Lojas Renner, Fundo Newton, British Council e Instituto Mamirauá. O projeto contou ainda com apoio do Banco Bradesco, Fundo Amazônia/BNDES e Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
“No Projeto Molongó, nosso ponto de partida foi unir três aspectos: uma demanda da comunidade Nova Colômbia para desenvolver atividades com uma espécie de árvore de grande potencial ecológico de manejo – o Molongó; a experiência da FAS no desenvolvimento social e econômico de comunidades; e a visão de um grupo de alto nível que é o A Gente Transforma”, comenta Virgílio Viana, Superintendente Geral da FAS.

Gabriel Ribenboin, da FAS, e Marcelo Rosenbaun no lançamento do Molongó em São Paulo


Nova Colômbia: o território de atuação do projeto
Nova Colômbia é uma comunidade ribeirinha formada por 12 famílias, que tem como principal fonte de renda a pesca, agricultura familiar e o artesanato – feito a partir da madeira do Molongó, árvore abundante na região. “Nova Colômbia é a base de implementação deste projeto pioneiro, que respeita o ciclo de crescimento destas árvores altas, finas e de madeira leve. Cada uma só pode ser cortada com a idade mínima de 33 anos”, conta Marcelo Rosenbaum. “O projeto faz parte de uma estratégia de valorização da floresta em pé, que resulta do manejo da espécie somado à própria cultura local. Por sua leveza e facilidade de entalhe, essa madeira sempre foi utilizada pelas populações tradicionais desta região”, complementa Virgilio Viana.

Na primeira visita à Nova Colômbia, também integraram a equipe o designer holandês Bertjan Pot, o brasileiro Paulo Biacchi, a inglesa Sarah Colson e o pesquisador e curador de design português Frederico Duarte.
 
“Coleção Molongó – O design a serviço do brincar”
A experiência na RDS Mamirauá com a comunidade de Nova Colômbia concretiza o entendimento e a provocação do FAS e do A Gente Transforma de que é necessário trabalhar para além da noção de Unidade Produtiva. “Hoje há um olhar do mercado que muitas vezes enxerga uma comunidade a qual não teve acesso a oportunidades e à educação formal como uma Unidade Produtiva de algo. Isso vem relacionado a termos como baixo índice de desenvolvimento humano, em um discurso que busca ‘capacitar’ essas pessoas. No fim, dentro dessas noções, a comunidade acaba produzindo algo que não poderá consumir – ‘faz, mas não usa’. Buscamos romper com esse entendimento. Olhamos para a necessidade da comunidade, antes de olhar para a necessidade do mercado de decoração”, conta Marcelo Rosenbaum.
Utilizando o design como ferramenta para dedicar esse olhar para a própria comunidade, identificou-se a possibilidade de atuação dentro do mercado local, em parceria com o Programa Primeira Infância Ribeirinha (PIR), desenvolvido pela FAS. “Apoiar a iniciativa de confecção de brinquedos com madeira da região por artesãos locais e garantir que esse recurso seja utilizado por pelos Agentes de Saúde como estímulo ao brincar com crianças e famílias da região, é garantir sobretudo o resgate de valores locais.” Nathalia Flores, coordenadora do Programa de Educação e Saúde da FAS.
Diante desse contexto, o A Gente Transforma desenhou uma coleção de brinquedos educativos de Molongó, inspirados em referências culturais locais. São jogos de memória, quebra-cabeças de 3 a 9 peças e outros brinquedos que resultaram do diálogo com os profissionais do Programa Primeira Infância Ribeirinha, norteado pela compreensão das demandas dos Agentes Comunitários de Saúde, das mães e das crianças, sem perder de vista a possibilidade de aumentar o aproveitamento da madeira da árvore do Molongó, com ferramental ideal, melhorando não só manejo da árvore, mas também da madeira beneficiada durante o processo.
A Coleção Molongó encontra-se hoje em desenvolvimento e a compra dos equipamentos para a produção das peças criadas está programada para o segundo semestre deste ano. Até o final de dezembro, 80 agentes comunitários de saúde já trabalharão com os novos kits de brinquedos, através do Programa Primeira Infância Ribeirinha com o apoio da Johnson & Johnson. No próximo ano, está programada também uma segunda produção, destinada às próprias famílias, que receberão os brinquedos em suas casas. A coleção desenvolvida em Molongó cumpre papel educativo, alimenta a identidade e o imaginário coletivo, resgata o brincar.
A partir de Nova Colômbia, outras comunidades da região que também tem o Molongó como atividade produtiva poderão se beneficiar desta parceria. “Como um desdobramento a ser explorado, o Molongó tem ainda o potencial de criar uma relação desta comunidade com um público que tem uma visão estética sofisticada, que valoriza o comércio justo e, com isso, pode desejar apoiar um projeto como este, que busca a valorização da floresta em pé, a melhoria da qualidade de vida e a redução do desmatamento na região”, pontua Virgílio Viana.
 

Exposição das colheres-galho no lançamento do Molongó, em São Paulo (Foto: Gabriel Ribenboin/FAS)


Colher “Galhos do Molongó”, assinada pela designer inglesa Sarah Colson, foi lançada durante a Feira na Rosenbaum com renda revertida para o projeto.
 
Logo no início do trabalho em Nova Colômbia, o grupo de designers percebeu que perto de 70% da árvore era desperdiçada no processo. Ao buscar uma maneira de lidar com esse descarte, a designer Sarah Colson e a equipe do A Gente Transforma visualizaram uma parte da árvore que dificilmente é aproveitada. Inspirada em produtos já produzidos pelas comunidades locais, Sarah transformou os galhos da árvore em colheres – os Galhos do Molongó. Para Marcelo Rosenbaum, essa peça é um importante símbolo do processo criativo coletivo em Nova Colômbia.
Para além do objeto de design, que cumpre uma função sustentável importante, as colheres irão viabilizar os próximos passos do projetos. ‘Galhos do Molongó’ foram lançados e vendidos durante a Feira na Rosenbaum – edição Design Weekend, com renda revertida para a continuidade de ações vinculadas ao Projeto Molongó.