Fundação Amazonas Sustentável (FAS) realiza evento paralelo da COP17 e fala sobre seus resultados
02/12/2011
Terminou há pouco, em Durban, África do Sul, o evento paralelo da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), o Amazon Evening, que aconteceu com o objetivo de levantar as semelhanças, diferenças e desafios daqueles que lutam pela proteção das florestas no Brasil e na África. O evento decorreu à partir de uma provocação, perguntando quais são as principais três principais lições aprendidas para o sucesso da concepção e implementação do REDD+.
Atuação de comunidades ribeirinhas é debatida na COP 17, em Durban
Sendo assim, Virgílio Viana, superintendente geral da FAS, direto de Durban, analisa dos resultados do evento como positivos, uma vez que o Brasil e a África do Sul “têm muitas iniciativas que são complementares e podemos, não apenas ensinar, mas aprender muito com os africanos”.
Com isso, Viana trata sobre os trabalhos que a África do Sul realiza com Turismo, sendo exemplo para o Brasil que tem Parques Nacionais pouco utilizados pelo turismo, correndo o risco com problemas externos oriundos do entorno deles. “A África possui uma tradição, por exemplo, com seus safáris e parques muito melhores que os brasileiros. No Brasil, já não temos grandes exemplos, a não ser o Parque Nacional do Iguaçu que, com as Cataratas, pode ser um bom exemplo, mas ainda é pouco. Esse tipo de turismo pode ajudar alguns parques a diminuir os riscos externos que sofrem”, enfatiza Viana.
O que Virgílio Viana reforça é a importância de mecanismos inovadores, como o REDD, e outros que visam deixar a floresta em pé e financiamentos que garantam isso. Como, ações voluntárias, em uma primeira etapa, e obrigatória em uma segunda, que compensem as emissões de gases do efeito estufa de cada indivíduo, empresa ou outro ator da sociedade. “Com isso começamos com ações pequenas que serão seguidas por outras em larga escala”, vislumbra.
Dessa forma, o Amazon Evening, conseguiu um resultado e, ao mesmo tempo, lição aprendida, oferecendo argumentos importantes que podem colaborar com as negociações entre os setores oficiais da COP17. “A principal lição que tivemos hoje, é o modo como as comunidades ribeirinhas devem participar de projetos de REDD ou outros de pagamento por serviços ambientais”. Nesse caso, Virgílio aborda o modo como os projetos da FAS colaboram com os comunitários.“Quem aponta a prioridade, quem delibera, são as comunidades. Eles não opinam, mas sim decidem quais são as suas necessidades. Estamos acostumados com os projetos que são concebidos a distância, na cidade, e que levam para as comunidades um modelo que já está pré-definido , pronto”. Virgílio ainda comenta. “No final, percebemos mais semelhanças nos desafios da proteção da Amazônia e das florestas africanas”. Esse argumento é baseado, em algo que ficou ainda mais claro no Amazon Evening, que a realidade daqueles que moram no interior da floresta Amazônica é, de maneira geral, muito próxima daqueles que moram nas florestas africanas. “É com esses povos que devemos conversar mais, trocar experiências e aprender como cada um pode cuidar dos seus serviços ambientais. A Cooperação Sul-Sul é prova de que devemos mudar esse paradigma que as boas ideias e cooperações só chegam dos países desenvolvidos do norte”.
Código Florestal
Um tema muito comentado hoje em Durban, que já repercuti no Brasil, é o fato do Brasil ter recebido, da Climate Action Network (CAN), o prêmio Fóssil do Dia, pela forma como o senado brasileiro está trabalhando o tema Código Florestal.
“Isso é exemplo de como o Brasil tem papel importante nas negociações internacionais e como deve fazer a sua parte. Somos vistos por todo mundo e acabamos sendo objeto de muita atenção. Daí, uma resposta àqueles que acham que o Código Florestal não reflete na imagem do Brasil no exterior. Pelo contrário a imagem brasileira é muito negativa aqui em Durban, a respeito do modo como o Código Florestal tem sido discutido no congresso brasileiro”.
Nesse ponto, Virgílio Viana fala sobre as condições, que os senadores ainda têm, de colocar o que já tinha sido aprovado anteriormente, mas que acabou saindo do texto do relatório de Jorge Viana. “São os incentivos financeiros para quem preserva a floresta ou ainda a destinação de parte da fração da energia hidroelétrica, para financiar a preservação das florestas. Devemos fazer isso, com setores que usam serviços ambientais da floresta para o seu negócio”, finaliza Virgílio Viana.