Jogos Tradicionais dos Povos Indígenas reúnem mais de 2,4 mil pessoas do Brasil e Suriname
03/08/2022
Mais de 2,4 mil indígenas de diversas etnias do estado do Amazonas, Roraima, Pará e Suriname participaram da 4ª edição dos Jogos Tradicionais dos Povos Indígenas, realizada na aldeia Kassawá, situada na Terra Indígena (TI) Nhamundá-Mapuera, no interior do estado do Amazonas, entre os dias 18 e 24 de julho.
A iniciativa visou integrar diferentes povos e resgatar a celebração das culturas tradicionais, a partir do envolvimento de jovens, mulheres e crianças. As modalidades disputadas nos jogos foram atletismo, futebol masculino e feminino, canoagem, arco e flecha, entre outros.
Ao todo, a sede dos jogos recebeu 15 povos indígenas brasileiros, sendo eles os Hexkaryana, Karahaw Yana, Kamara Yana, Yukwará Yana, XowYana, Farukwoto Yana, Kaxuyana, Mawayana, Okoymo Yana, Tuna Yana, Karyana, Wai Wai, Katwena, Xerew e os Txikyana. Também recebeu a etnia Txiriyó, do Suriname.
Nos jogos masculinos, representando o estado do Amazonas, a seleção Riozinho saiu campeã da disputa. A equipe amazonense Kassawá ficou em segundo lugar e na terceira colocação, o grupo paraense Kwanamari. Já na modalidade feminina, a Kassawá conquistou o título e a paraense Wararaka ficou em segundo lugar. As outras seleções participantes foram Jatapuzinho de Roraima e as Bateria, Tamyuru, Inajá, Ayarama e Wai Wai, do estado do Pará.
“Para chegarmos à Aldeia Kassawa tivemos que subir várias cachoeiras, o que se tornou um grande desafio para nós. O evento foi de grande relevância para nossa etnia, pois celebramos a união e o respeito entre os povos. É dessa forma que conseguimos forças para lutarmos todos os dias”, conta Noé Mahkukurye, presidente da Associação de Produtores Indígenas do Povo Hexkaryana (ASPREHE).
O evento recebeu apoio da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) para a logística de 15 povos indígenas. As três edições anteriores foram realizadas na aldeia Matrinxã, na aldeia Kassawá e na aldeia Mapuera, localizada na TI Trombetas, no estado do Pará. A 5ª edição da competição será realizada novamente na aldeia Mapuera, em 2024.
“Minha expectativa para as próximas edições é que os povos indígenas se mantenham unidos e realizem novamente um evento tão especial e grandioso como esse”, acrescenta Noé.
Apoio para a cadeia produtiva sustentável da castanha
Além da participação nos jogos, por meio do projeto SOS Amazônia Fase II e do movimento Fridays For Future Brasil, a FAS doou dois motores de popa às aldeias Matrinxã e Porteira, ambas da TI Nhamundá-Mapuera. A ação visa apoiar a produção de castanha, o que facilitará o trabalho de 296 pessoas e 34 famílias, dentre as quais 109 moradores e 12 famílias da primeira comunidade, e 187 habitantes e 22 famílias do segundo coletivo.
A ação é fruto de uma parceria da FAS com as aldeias por meio da Associação dos Produtores Rurais da Etnia Hexkaryana (ASPREHE).
“Com isso, as famílias terão mais facilidade na coleta da castanha e no transporte da produção, a economia ficará mais aquecida e a resistência dos povos indígenas será também fortalecida”, afirmou Rosa dos Anjos, supervisora da Agenda Indígena da FAS.
Sobre o SOS Amazônia Fase II
A iniciativa tem como objetivo fomentar a recuperação econômica pós-Covid de populações indígenas, por meio da implementação de ações emergenciais compromissadas com a conservação ambiental. Uma delas é a doação de motores de popa para o deslocamento de populações de aldeias indígenas, como meio de fomento à geração de renda nos Territórios Indígenas.
Sobre a FAS
Fundada em 2008 e com sede em Manaus/AM, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil e sem fins lucrativos que dissemina e implementa conhecimentos sobre desenvolvimento sustentável, contribuindo para a conservação da Amazônia. A instituição atua com projetos voltados para educação, empreendedorismo, turismo sustentável, inovação, saúde e outras áreas prioritárias. Por meio da valorização da floresta em pé e de sua sociobiodiversidade, a FAS desenvolve trabalhos que promovem a melhoria da qualidade de vida de comunidades ribeirinhas, indígenas e periféricas da Amazônia.
Créditos da foto: Lucas Sarraff