Jovens ribeirinhos do AM se reúnem em Manaus para debater o papel da juventude na Amazônia
07/11/2018
*Extraído de Jornal Em Tempo, em 07.11 de 2018
Qual é a cara da juventude ribeirinha no Amazonas? O que é ser jovem e viver no meio da floresta amazônica? Qual a importância dessa juventude para a preservação e o desenvolvimento sustentável da região? Conhecer esse grupo populacional, com idades de 14 a 26 anos, e fazê-los se reconhecerem como fundamentais para o presente e futuro da Amazônia é o objetivo do 7º Intercâmbio de Saberes, o maior encontro de juventudes ribeirinhas do Estado que acontece nesta semana, de 5 a 9 de novembro, em Manaus.
São cerca de 50 jovens oriundos de diversos municípios do interior do Estado, lideranças jovens que viajaram de barco e por estradas até a capital do Amazonas para participarem de um conjunto de aprendizados e trocarem experiências de vida. O propósito? Se capacitarem como atores comprometidos na defesa de suas comunidades e das Unidades de Conservação (UC) onde vivem, na preservação ambiental e na luta por políticas públicas.
O evento, promovido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), com apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e aporte financeiro da Samsung, segue uma longa programação, que vai desde um aulão sobre Amazônia, com conceitos de biodiversidade e mudanças climáticas, até oficinas sobre juventude ribeirinha, capacitações sobre desenvolvimento sustentável, engajamento comunitário e empoderamento juvenil, visitas a projetos sociais de Manaus e roda de conversa com parlamentares na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).
“O foco é protagonismo juvenil. Nas comunidades existe uma estrutura social onde os jovens não têm muita voz nas decisões. Nas reuniões de moradores, por exemplo, praticamente os jovens não participam das tomadas de decisão. Então a ideia é chamá-los para entrar nesses espaços de discussão a partir de um esforço de organização em coletivos de jovens”, explicou Arthur Goerck, um dos coordenadores do evento. “É o grande encontro das juventudes ribeirinhas no Amazonas, o maior até agora”.
A programação acontece tanto na sede da FAS como em espaços da cidade: o Parque Municipal do Mindu, unidades escolares da Seduc e a sede do Programa de Restauração Ecológica e Urbanizacão Sustentável (Reusa), dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Parque Linear do Gigante, no bairro Redenção, na Zona Oeste da capital amazonense. Os jovens dos municípios ficam hospedados em alojamentos na sede da FAS e no Centro de Formação Profissional Padre José Anchieta (Cepan).
“É um momento de unir as juventudes ribeirinhas, de reconhecimento e celebração da diversidade dessas juventudes. É importante porque coloca junto um monte de jovem, de diferentes lugares, com aspecto similar de morar dentro da floresta, tudo na mesma sala, tudo no mesmo ambiente, discutindo o futuro deles e o futuro da Amazônia. A juventude pensando o futuro da Amazônia e se colocando como atores importantes e influenciadores de tomadas de decisão do futuro e do agora”, ressaltou Arthur Goerck.
Manifesto da juventude
Ao final da jornada de aprendizados no 7º Intercâmbio de Saberes, os 50 jovens ribeirinhos participantes do evento têm uma responsabilidade maior. Eles precisarão produzir um documento, o Manifesto das Juventudes Ribeirinhas no Amazonas. “É um manifesto multimídia. Uma carta, um vídeo e uma expressão artística que representem tudo o que eles viveram e também um marco da visão desses jovens para o futuro”, explicou Goerck.
O documento poderá, inclusive, pautar a criação de políticas públicas voltadas para a juventude ribeirinha no Amazonas e também inspirar projetos e programas na Fundação Amazonas Sustentável (FAS). “É um documento oficial da visão deles de mundo”, finalizou Arthur Goerck.
Educação e Saúde
O 7º Intercâmbio de Saberes é um evento promovido pelo Programa Educação e Saúde (PES) da FAS. O PES busca promover a mobilização e o empoderamento dos jovens moradores de Unidades de Conservação à luz dos Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). O programa tem parceria da Seduc desde 2012 e mobiliza jovens da APA do Rio Negro e das Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, Puranga Conquista, Juma, Mamirauá e Uatumã.