Jovens ribeirinhos idealizam plano de negócios para empreendimento em casarão histórico na Amazônia - FAS - Fundação Amazônia Sustentável
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Jovens ribeirinhos idealizam plano de negócios para empreendimento em casarão histórico na Amazônia

Jovens ribeirinhos idealizam plano de negócios para empreendimento em casarão histórico na Amazônia
julho 28, 2021 FAS

Jovens ribeirinhos idealizam plano de negócios para empreendimento em casarão histórico na Amazônia

A comunidade Punã, em Uarini (AM), será contemplada com cinema, espaço gastronômico e até atividades ligadas ao ecoturismo para fomentar o desenvolvimento local.

28/07/2021
Casarão do Punã, localizado na comunidade ribeirinha do Punã, que fica na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, no município de Uarini, a 565 quilômetros da capital do estado do Amazonas.

Estimular o espírito dos negócios na realidade ribeirinha, a partir de conceitos da economia criativa, foi o mote que impulsionou uma oficina de empreendedorismo para jovens da comunidade Punã, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, município de Uarini (AM). Com o apoio da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em parceria com a Petrobras, por meio do Projeto Amazonas Sustentável, os participantes, alunos do curso técnico de gestão em desenvolvimento sustentável, organizaram um plano de negócios. Eles delinearam estratégias envolvendo a Casa Punã, casarão histórico revitalizado no início de junho. A ideia é transformar o local em um empreendimento turístico e de lazer, com um espaço gastronômico regional e cinema. Outro modelo desenhado, que envolve o Punã como um todo, diz respeito ao ecoturismo.

Durante o encontro, que durou três dias, os participantes selecionaram as melhores propostas de negócio e discutiram a respeito das melhores abordagens para o plano de negócios, delimitando estratégias e ações de comunicação e marketing. Representantes do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) concederam palestras sobre a importância de potencializar os pequenos negócios e esclareceram dúvidas a respeito de microcrédito e financiamento. No último dia, os estudantes realizaram uma pesquisa de mercado e visitaram, aproximadamente, 50 casas para entender as necessidades da comunidade e a aceitação do público no que se refere ao plano de negócios.

Na visão da estudante Lorem Miguel, 20 anos, o que antes era vislumbrado apenas pela TV, agora se tornou realidade. “Aprendi que não é só dizer o que isso vai virar e colocar uma placa, nós precisamos ter todo um estudo para chamar a atenção das pessoas para ir ao cinema, merendar, fazer turismo”. Segundo ela, além de atrair turistas, os empreendimentos também são uma oportunidade de lazer para os moradores da comunidade, principalmente a juventude local, que sofre com questões de vulnerabilidade social. “Nos finais de semana, a gente só tem o campo de futebol para jogar. Com o cinema, vamos ter algo mais atrativo para sair com os amigos e tudo isso vai chamar a atenção do jovem para outra coisa, não para o vício”.

As oficinas ocorreram em paralelo ao curso técnico de gestão do desenvolvimento sustentável, que acontece desde março com o apoio da FAS, Petrobras, Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) e outros parceiros, e cuja metodologia também prevê um plano de negócios como projeto final. Segundo Gil Lima, coordenador do Projeto Amazonas Sustentável, o intuito é direcionar atividades que possam gerar renda às famílias de forma sustentável e segura. “Queremos utilizar o marco histórico que representa a casa Punã e toda a nova estrutura, que é dotada de dormitórios, área de alimentação e um local para exposição audiovisual. A partir disso, a proposta é virar um negócio concreto que se converta em desenvolvimento local e, assim, esperamos que esse modelo seja replicado para as outras comunidades próximas”.

Para planejar um bom modelo de negócios, a turma recebeu a mentoria do gerente do Programa de Empreendedorismo da FAS, Wildney Mourão, que auxiliou na construção inicial de uma proposta de valor, na segmentação de clientes, na idealização de recursos e canais de venda, além de estruturar custos e a possibilidade de geração de receitas por meio de um modelo inovador. “Estamos pensando em um projeto para ser executado em até 12 meses, sendo seis meses para o cinema e espaço gastronômico e os outros seis para o turismo, que poderá ter avistamento de pássaros, focagem de jacaré, trilhas, visita às atividades de manejo e casa de farinha. Queremos que a comunidade Punã se torne um centro de economia criativa, seguindo os modelos de comunidade sustentável e alinhada aos ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável]”.

Os próximos passos serão definir os responsáveis por gerenciar os negócios. Alguns jovens já demonstraram interesse, como é o caso do Pedro Claudio Diamantino, 18 anos, que já se enxerga como um empreendedor. “Eu tenho o sonho de ter o meu próprio negócio e isso é uma iniciativa para eu montar o próprio negócio. Se fosse para escolher um desses empreendimentos, eu me vejo mais gerenciando o Cine Punã, porque eu gosto bastante de filmes, de comunicação e de mostrar para as pessoas sobre a nossa realidade”.


Texto: Alessandra Marimon