Manejo de Pirarucu alavanca a geração de renda na RDS Uacari
11/09/2012
Muitas atividades reforçam as perspectivas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uacari, que dista 850 km de Manaus. Antes alvo da extração de madeira ilegal, a reserva hoje consegue manter seus 611 mil hectares com maior proteção graças ao manejo de pirarucu, que na região tem apresentado resultados expressivos. Do Rio Juruá, foram escoadas mais de 11 toneladas do pescado manejado somente no Ultimo ano, que tiveram como destino o comercio local, além de bolsas e confecções que alavancaram até exportações.
Em 2012, o projeto recebeu um reforço da FAS, que se aliou ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), a Associação de Produtores Rurais de Carauari (Asproc), Associação dos Moradores Agroflorestais da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (Amaru), O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC) e Prefeitura do Município. Por meio da decisão dos próprios comunitários, a Fundação investiu R$ 6 mil em redes de pesca, além de R$ 8 mil em combustíveis e apoio técnico, por meio do componente Renda do Programa Bolsa Floresta (PBF).
Toda a pesca é executada pelo manejo, de forma planejada. Primeiro são demarcados lagos para participarem do plano. Ã? então realizado um levantamento estimado da quantidade de peixes presentes na região. Depois, os comunitários efetuam a despesca, controlada e medida, respeitando os tamanhos mínimos e outras determinações estipuladas pelos regimentos ambientais. Ã? então gerado um relatório, que dispõe sobre todo o processo. E por meio desse documento que o Ibama libera a contagem do pirarucu do ano seguinte.
Segundo o relatório de 2011, cerca de 250 pirarucus foram para os pratos dos amazonenses. As duas primeiras comunidades que participaram da iniciativa, São Raimundo e Xibauazinho, arrecadaram cerca de R$ 85 mil reais somente com o manejo, valor distribuído entre 32 famílias.
Peixe que rende na mesa e no bolso
Segundo Ademar Cruz, coordenador de articulação institucional da FAS, o preço da pesca manejada tem feito a diferença para o consumo local.
“Uma grande diferença está no preço. As pessoas imaginam que o consumo legal é mais caro e mais difícil de ser implementado. O manejo tem provado o contrário, pois o pirarucu chega a um preço mais barato e mais perto da comunidade. Aqui é vendido na feira”, comenta.
Parte da produção é comercializada em Carauari, na Feira do Município. Outras partes dos peixes são beneficiadas, como o couro, por exemplo. Elas são escoadas para o restante do Brasil, principalmente São Paulo, tendo como rumo inclusive a Europa.
Parte integrante e recentemente comercializada, o couro do Pirarucu também é aproveitado. Ele atravessa os grandes centros do Brasil e é alvo de exportação, e tem se tornado peças de vestuário encontradas nos grandes centros da Europa.
Mais educação na RDS Uacari
Fortalecendo a educação, um novo NUcleo de Conservação e Sustentabilidade (NCS) está em fase final de construção na Comunidade do Bauana, na RDS Uacari. As obras são fruto de uma parceria entre FAS e o Grupo HRT, que apoia as atividades da FAS na Reserva.
Um segundo NUcleo está em fase inicial de construção. Com os dois espaços, a intenção é beneficiar diretamente alunos de 44 comunidades do município de Carauari.
Localizados a oito dias de barco da capital, os NCSs contam com salas de aula, postos de saUde, casas para professores e alunos, bibliotecas, centros digitais e uma base para técnicos do Programa Bolsa Floresta (PBF).
Os novos NUcleos se somarão a outros seis, já construídos pela FAS nas RDSs do Rio Negro, Juma, Punã, Madeira, Mamirauá e na Ãrea de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro.
Somente na RDS Uacari, 1.363 pessoas são beneficiadas com as iniciativas da FAS, que atende cerca de 35 mil pessoas em 15 Unidades de Conservação (UCs) no Amazonas.