Mutirão beneficia mais de três mil pessoas atingidas pelas cheias da Amazônia
03/06/2014
A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) realizou entre os dias 26 e 30 de maio um grande mutirão nas Unidades de Conservação (UCs) localizadas às margens do Rio Madeira, no Amazonas, para minimizar os impactos da maior cheia da história do rio que, segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), superou os picos atingidos em 1997. Foram distribuídos 600 filtros para água, 1.000 unidades de hipoclorito, além de vacinas, medicamentos e sementes, com beneficiaram mais de três mil pessoas de 32 comunidades da reserva. A ação contou com a parceria das prefeituras dos municípios de Novo Aripuanã e Manicoré, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS) por meio do Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC), a Secretaria de Estado de SaUde do Amazonas (SUSAM), o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM) e Associações de Moradores das Reservas de Desenvolvimento Sustentável do Madeira e do Juma, impactadas pela cheia.
Com a enchente do Rio Madeira, 90% da região foi atingida o que gerou um prejuízo de mais de seis milhões de reais a diversas culturas produtivas, à saUde e educação da população. A ação da FAS constitui desde a identificação da necessidade das culturas que a população quer reconstruir até a distribuição de sementes para o replantio.
“Nossa preferência são as culturas produtivas, para as famílias terem o retorno do lucro em um curto prazo, já identificamos quais são prioritárias para o momento. A melancia, o milho e a abóbora, por exemplo, em dois meses já estão em ponto de colher e vender”, explica Edvaldo Correa, coordenador do Programa de Educação e SaUde da FAS.
Além disso, a enchente também ocasiona o aparecimento de doenças infecciosas, que utilizam a água como vetor e que podem ser adquiridas pela ingestão de alimentos contaminados por águas e/ou lamas das enchentes. Para minimizar esse impacto, a FAS disponibiliza cerca de 600 filtros de barros e cloro, que garantem água de melhor qualidade, evitando assim o contágio de diarreia, vômito e febre, comuns após enchentes.
Como parte da ação, também acontece a capacitação de agentes de saUde, que receberam um kit disponibilizado pelo Projeto Primeira Infância Ribeirinha da FAS. Com este kit, os agentes contarão com vacinas e medicamentos que serão distribuídos à população.
Enchente e as mudanças climáticas
Para alguns especialistas, a enchente que devastou diversas comunidades da Amazônia é mais um sinal das mudanças climáticas que vêm exigindo ações de adaptação de comunidades tradicionais em todo o mundo. No Amazonas, regiões produtivas dos ribeirinhos durante todo o dia, agora só podem ser visitadas no período da manhã, devido ao forte calor que impossibilita ações produtivas.
“A realidade da produção dos ribeirinhos hoje é totalmente diferente daqueles da década de 1970. Passaremos para eles informações sobre o clima no Brasil e que tipo de ação pode ser feita para os próximos anos. Quem sabe isso minimizará os impactos de uma nova enchente”, afirma Virgílio Viana, superintendente geral da Fundação Amazonas Sustentável (FAS).
Nos próximos meses, a FAS realizará oficinas com os moradores da região para capacitá-los em ações de adaptação a realidade local, uma vez que a enchente é um fenômeno da natureza que deve continuar nos próximos anos.
“As populações mais pobres são as que mais sofrem com os efeitos das mudanças climáticas. Cada um de nós precisa se conscientizar sobre o impacto de nossas ações no clima”, finaliza Viana.