Oficina de Negócios Comunitários discute empreendedorismo no contexto Amazônico, na sede da FAS - FAS - Fundação Amazônia Sustentável
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Oficina de Negócios Comunitários discute empreendedorismo no contexto Amazônico, na sede da FAS

Oficina de Negócios Comunitários discute empreendedorismo no contexto Amazônico, na sede da FAS
setembro 20, 2018 FAS

Oficina de Negócios Comunitários discute empreendedorismo no contexto Amazônico, na sede da FAS

20/09/2018

* Por ConexSus

Os estados do Amazonas, Roraima, Pará e região receberam a Oficina de Negócios Comunitários Sustentáveis do Desafio Conexsus nos dias 11 e 12 de setembro na Fundação Amazonas Sustentável (FAS), em Manaus (AM). O Desafio é realizado pela Conexsus – Instituto Conexões Sustentáveis, que visa promover o ecossistema de negócios sustentáveis no Brasil, com a reunião de diversos parceiros e atores dispostos a contribuir para o desenvolvimento de cooperativas e associações de produtores que atuam em cadeias produtivas de alimentação saudável e sustentável; agrofloresta sustentável, extrativismo e sociobiodiversidade; pesca artesanal; manejo florestal comunitário; turismo de base comunitária, entre outras.

Participaram da oficina 20 organizações, entre associações e cooperativas de produtores da agricultura familiar, extrativistas, povos indígenas, que trabalham com o uso sustentável dos recursos naturais. “Falamos sobre os principais desafios que estas organizações enfrentam para se desenvolver e crescer, como modelo de negócios, comercialização e finanças. Foram dois dias intensos, com participações muito qualificadas”, avalia a coordenadora do Desafio, Monika Röper.

A Região Amazônica tem grande densidade de organizações formadas pelas comunidades e povos que vivem na floresta e que utilizam seus recursos de maneira sustentável, segundo a coordenadora. “Mas em condições muito diferentes do que encontramos no resto do Brasil”, observa – principalmente quando o assunto é logística. “A Amazônia é gigante, com enormes distâncias, precisamos entender o que isso significa em questões de comercialização. Certamente em outras regiões do Brasil temos desafios nesse sentido, mas nada se compara ao universo amazônico. Por isso temos um olhar especial para a região e sabemos que precisa de soluções diferenciadas”, comenta.

A representante da Climate and Land Use Alliance (Clua) – parceira estratégica da Conexsus –, Tatiana Botelho, participou da oficina e das atividades. Tatiana atua com a promoção do manejo florestal comunitário e explica que a Clua é uma aliança de fundações que visa promover ações que fortalecem ações climáticas relacionadas ao uso da terra. “É muito interessante a proposta da Conexsus de dividir os temas dos desafios das organizações comunitárias em três áreas. Muitos pensam que seus problemas são de uma área, mas quando discutem mais a fundo, percebem que na verdade o gargalo é outro. É um grande aprendizado, as pessoas vão sair daqui entendendo melhor suas organizações e com ferramentas para desenvolvê-las”, avalia.

A FAS recebeu a oficina em sua sede e foi responsável por indicar uma das falas inspiradoras realizadas durante o evento. A organização atua há mais de dez anos na região amazônica, no estado do Amazonas, e tem como missão o desenvolvimento sustentável, a melhoria da qualidade de vida de comunidades que estão em unidades de conservação e a geração de renda. “Desenvolvemos um trabalho voltado a populações tradicionais, sobretudo as ribeirinhas e indígenas, e temos uma agenda orientada ao empreendedorismo. É uma honra receber atividades do Desafio Conexsus em Manaus, conectando muita gente que veio do interior e organizações que estão em busca de valorizar cada vez mais seus produtos, seu negócio, entendendo que os desafios da região são peculiares”, diz o coordenador de empreendedorismo da FAS, Wildney Mourão.

Wildney defende que repensar modelos de negócios e investimentos para o desenvolvimento dessas cadeias de valor é fundamental. “Mesclar investimentos reembolsáveis, não reembolsáveis, investimentos híbridos, entender o capital humano disponível, as oportunidades que os negócios podem oferecer, para pensar em crescimento e desenvolvimento, e ter uma agenda propositiva para discutir esses assuntos é muito importante”, diz.

O assessor técnico do projeto Cadeias de Valor, do ISA – Instituto Socioambiental, Carlos Alexandre, também participou das atividades. No Amazonas, o instituto atua principalmente na Calha do Rio Negro, que abrange os municípios de São Grabriel da Cachoeira e Santa Isabel. Segundo Carlos, o projeto Cadeias de Valor visa o desenvolvimento de cadeias produtivas para a formação de cadeias de valor com produtos originados no sistema agrícola tradicional do Rio Negro. “Nós buscamos valorizar os produtos que já são da tradição da região, especialmente os da cultura alimentar, que envolvem as 23 etnias de povos indígenas que estão na região, e também de produtos do artesanato. Aproveitamos técnicas como a desidratação para conservar e comercializar produtos como buriti, castanha Uará, banana, pimenta Baniwa tipo jiquitaia”. O ISA apoia o desenvolvimento do produto e o acesso ao mercado pelas comunidades produtoras.

Participaram da oficina também os parceiros Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável/ GIZ; Central do Cerrado e Quitandoca (com uma fala inspiradora sobre a experiência da Quitandoca); Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) e Memorial Chico Mendes (MCM). Deram apoio os parceiros Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia –Idesam, IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil e Fundação Amazonas Sustentável.

Participantes

Uma das cooperativas participantes, a Cooperativa Agropecuária dos Cinco Polos (Coopercinco), representada por Sérgio Fernandes Medeiros na oficina, é sediada em Boa Vista (Roraima) e conta com um total de 570 cooperados em mais dez municípios do estado. “Trabalhamos muito com programas do governo, como PNAE e PAA, com produtos como hortaliças, fruticultura e mel. Também já vendemos para empresas. Um dos nossos problemas hoje é capital de giro e a falta de fidelidade dos cooperados, que vendem para intermediários com facilidade. Ainda não conseguimos acessar financiamentos, mas estamos em busca de possibilidades e queremos ter uma sede própria”, conta Sérgio.

Cooperativa da Produção da Agricultura Familiar do Jatua (Coopafja), que fica em Autazes, Região de Manaus (AM), também fornece prioritariamente produtos para programas de compras públicas da agricultura familiar, mas busca acessar novos mercados. Para a representante da cooperativa, Marly Euletério dos Santos, o aprendizado da oficina foi importante nesse sentido e a expectativa dela é agora levar o conhecimento que adquiriu aos demais cooperados. “Muitas vezes temos dúvidas sobre como é o mercado, sobra produção e não temos como comercializar. Estamos aprendendo aqui muito sobre modelos de mercado, de negócios, questões financeiras, vai ser importante levar isso para todos da cooperativa”, comenta.

Cooperativa Verde de Manicoré (Covema), formada por extrativistas cuja coleta de castanha é a principal atividade econômica, conta com 208 cooperados e atua diretamente com cerca de 726 famílias nos municípios de Manicoré, Novo Aripuanã, Borba, Humaitá e Apuí, localizadas principalmente em Unidades de Conservação Federal (Resex Capanã Grande) e estadual (RDS Rio Madeira e RDS Rio Amapá), assentamentos agrícolas (PA Jenipapo) e áreas indígenas.

O representante da Covena, Clodoaldo Lima Leal Filho, conta que a cooperativa produz e comercializa castanha-do-brasil (ou castanha da Amazônia, como ele prefere chamar) para todo o Brasil, mas ainda em pequena escala. A Covema foi criada em 2016, a partir de um conselho de associações e comunidades, que posteriormente tornou-se uma cooperativa. “Nós contamos com apoio de diversos parceiros para nos estruturar, mas queremos ampliar o nosso negócio e precisamos de apoio para alcançar esse objetivo. Por isso está sendo importante para nós participar desta oficina, isso nos ajuda a ampliar nossos horizontes, vai ser muito útil para a cooperativa”, conclui.

Desafio Conexsus 2018

A Oficina de Negócios Comunitários Sustentáveis faz parte de um ciclo de encontros que teve início em junho, em Belém (PA), e está sendo realizado em mais 12 cidades que reúnem, até setembro, representantes de todas as regiões brasileiras. Além disso, serão realizadas visitas técnicas a algumas organizações para compreender melhor o funcionamento e produção delas. Ambas as atividades devem abranger cerca de 300 participantes do Desafio Conexsus.

Os mais de mil negócios cadastrados na iniciativa, durante os meses de maio e julho, compõem o Mapa e o Panorama de Negócios Comunitários Sustentáveis no Brasil, aberto para consulta online pública pelo site www.desafioconexsus.org. As organizações interessadas em participar do Desafio ainda podem se cadastrar no site para acompanhar oportunidades futuras, bem como integrar a rede nacional de negócios comunitários sustentáveis que está em formação.

Uma das expectativas é que estes empreendimentos, os parceiros cocriadores da iniciativa e outras organizações que compõem esse ecossistema de negócios sustentáveis tornem-se uma rede ativa de fomento ao desenvolvimento sustentável, com a possibilidade de atrair e criar outras oportunidades além das já previstas para o Desafio Conexsus 2018.

Após a realização das oficinas, 70 participantes serão convidados a participar do Ciclo de Desenvolvimento de Negócios Comunitários Sustentáveis, que conta com uma jornada de aceleração, oficinas de modelagem de negócios, laboratório de soluções de acesso à comercialização e mercados, e laboratório de crédito e soluções financeiras.Estamos numa etapa do Desafio Conexsus que estamos chamando de oficinas regionais, uma primeira rodada após termos realizado o mapeamento de mais de mil negócios comunitários sustentáveis em todo o Brasil.

São parceiros estratégicos da Conexsus: Good Energies Foundation, Grupo Pão de Açúcar, por meio do Instituto GPA, IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e Moore Foundation,Fundo Amazônia, Fundo Vale, Fundação Certi, GIZ /Cooperação Alemã para o desenvolvimento sustentável, Climate and Land Use Alliance (CLUA) e União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes).

São parceiros cocriadores do Desafio Conexsus: Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense (APACO), Central da Caatinga, Central do Cerrado, Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Coomafitt, Ecoa – Ecologia e Ação, Entrenós Planejamento Estratégico, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), Instituto BioSistêmico (IBS), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável (IDESAM), Instituto para o Desenvolvimento Sustentável e Cidadania do Vale do Ribeira (IDESC), Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto Gaia, Instituto Peabiru, Instituto Terroá, Instituto Socioambiental (ISA), IPAM Amazônia, Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Pacto das Águas, Sentinelas da Floresta, SOS Amazônia  e Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).