Relatório sobre adaptação climática é apresentado na COP30 - FAS - Fundação Amazônia Sustentável
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Relatório sobre adaptação climática é apresentado na COP30

Relatório sobre adaptação climática é apresentado na COP30
novembro 11, 2025 FAS

Relatório sobre adaptação climática é apresentado na COP30

11/11/2025

Belém (PA), novembro de 2025 — Um grupo de cientistas, gestores públicos e representantes de organizações da floresta apresentou na COP30 o relatório “Climate Adaptation of the Amazon Forest: a focus on guardians of the rainforest”, primeiro documento público do Conselho de Adaptação da COP30 voltado à realidade dos povos da Amazônia. A publicação reúne dados científicos, planos locais e propostas concretas para fortalecer a resiliência climática das comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas da região.  A publicação está disponível no site da FAS e pode ser acessada pelo link: https://fas-amazonia.org/publicacao/climate-adaptation-of-the-amazon-forest-a-focus-on-the-guardians-of-the-rainforest/

Elaborado por Virgilio Viana (Fundação Amazônia Sustentável – FAS), José Marengo (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN), Vanessa Grazziotin (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica – OTCA), Natalie Unterstell (Instituto Talanoa) e Avinash Persaud (Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID), o documento foi apoiado pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GIZ (Cooperação Alemã) e marca um passo histórico na consolidação de uma agenda pan-amazônica de adaptação.

“A adaptação climática da Amazônia exige governança regional e financiamento em escala. Precisamos de soluções integradas, que fortaleçam quem vive na floresta e garantam que os recursos cheguem às comunidades. A Amazônia é vital para o equilíbrio climático do planeta, e investir aqui é investir no futuro global”, afirmou Virgílio Viana, superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).

Adaptação liderada por quem vive na floresta

O relatório apresenta os resultados de 60 planos locais de adaptação elaborados por comunidades de 05 (cinco) estados da Amazônia, fruto de um processo participativo conduzido pela FAS em parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS). Foram ouvidas 628 comunidades, que apontaram cinco prioridades para resistir às mudanças climáticas:

  1. Segurança hídrica e saneamento;
  2. Produção resiliente e bioeconomia;
  3. Infraestrutura e logística sustentável;
  4. Proteção e monitoramento territorial;
  5. Educação, cultura e conhecimento climático.

Esses planos identificam impactos concretos já vividos pelas populações amazônicas, como a perda da previsibilidade das chuvas, secas extremas, incêndios florestais e queda nos níveis dos rios — desafios que afetam diretamente a segurança alimentar e os modos de vida tradicionais. “Esse plano foi construído em coletivo entre nós, indígenas do Amazonas, pensando nas necessidades dos jovens das comunidades e das zonas urbanas. A escola que propusemos nasce desse desejo de formação, de oportunidade, de fortalecer nossa juventude. A apresentação foi um marco histórico, porque uniu vários povos em uma defesa comum”, destacou Estélio Munduruku, da Terra Indígena Kwatá-Laranjal (Borba-AM).

Investimento e cooperação internacional

A análise estima que o custo para implementar os planos de adaptação nas comunidades brasileiras da Amazônia é de R$ 21,7 bilhões (cerca de US$ 4 bilhões), podendo chegar a US$ 8 bilhões quando consideradas todas as comunidades da região. O relatório recomenda a criação de mecanismos ágeis de financiamento e propõe a ampliação de instrumentos como o Fundo Amazônia, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forest Forever Fund) e parcerias com organismos multilaterais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial (BIRD), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) e o Fundo Verde para o Clima (GCF).

“O plano foi construído com o envolvimento da comunidade. A gente discutiu o que era prioridade, o que podia melhorar a vida das pessoas e gerar renda. O importante é que os projetos refletem o que vivemos e o que queremos: políticas públicas justas, que realmente melhorem a qualidade de vida e protejam nossos territórios”, reforçou Carlos Gonçalves, presidente da Associação de Moradores da RDS Mamirauá Antônio Martins (Amurmam).

Nova narrativa sobre adaptação climática

O relatório também propõe uma mudança de paradigma na forma de comunicar a crise climática. “Adaptação não é um tema técnico ou secundário — é uma questão de sobrevivência e justiça. Precisamos transformar a comunicação sobre o clima em uma ferramenta de mobilização, mostrando que adaptar-se é um ato de coragem e de construção coletiva do futuro”, ressaltou Vanessa Grazziotin, diretora da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e autora do capítulo sobre comunicação e engajamento.

A publicação sugere transformar a narrativa de crise em uma narrativa de ação, destacando iniciativas concretas — como os planos locais e o movimento Banzeiro da Esperança — como exemplos de soluções amazônicas com alcance global. 

O Banzeiro da Esperança é resultado de uma articulação interinstitucional que visa mobilizar a sociedade para a maior conferência climática do planeta, que será realizada em Belém (PA), em 2025. O projeto é apresentado por meio da Lei de Incentivo à Cultura e Sabesp, com realização da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Virada Sustentável e Ministério da Cultura. Conta com o patrocínio da Heineken SPIN, Vale e WEG, e com o apoio da Bemol, Ecosia, Edenred, Instituto Itaúsa e Suzano. O projeto também tem parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Rede Conexão Povos da Floresta e Ministério dos Povos Indígenas (MPI). A Rede Amazônica é parceira de mídia do projeto.

Créditos de imagem: Roberta dos Anjos