Ribeirinhos trocam experiências sobre manejo de pirarucu na RDS Uacari
29/09/2015
O manejo de pirarucu é uma das atividades que tem ganhado força em rios e lagos do interior do Estado. Além de gerar renda para famílias ribeirinhas, a atividade garante a conservação da espécie, pois estimula a conservação dos estoques de peixes dessas regiões. Com o objetivo de incentivar essa atividade em calhas de outras Unidades de Conservação (UCs), a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) levou ribeirinhos dos rios Jutaí e Gregório até a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uacari para um intercâmbio sobre a atividade, que é executada desde 2010 no rio Juruá.
Estiveram na atividade moradores das Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Cujubim e Extrativista (Resex) Rio Gregório. Os ribeirinhos puderam conhecer mais sobre a organização da atividade do manejo, que é precedida pela discussão do regimento comunitário e então, da contagem do pescado. A partir dessa contagem, é autorizada aos manejadores a pesca de apenas uma cota, o que garante a preservação da espécie nos lagos e sua consequente reprodução.
“Essa viagem foi muito gratificante, pudemos conhecer como funciona a contagem do pirarucu, coisa que nem imaginávamos que existia. Espero levar esses conhecimentos para onde moro, para que lá também tenha mais peixes e outras coisas boas”, destacou José Antônio Gomes da Silva, que veio da comunidade Monte Alegre, na Resex Rio Gregório.

Comunidades participantes do intercâmbio integram o Bolsa Floresta | Foto: Marcelo Castro/FAS
Além do manejo, os ribeirinhos também conheceram outros projetos de geração de renda apoiados pelo Programa Bolsa Floresta (PBF), como as cantinas comunitárias e as atividades de açaí e andiroba, que contam com uma nova estrutura na comunidade Bauana. “O mais importante é que a gente vai levando para nossa comunidade conhecimentos que a gente pretende aplicar na prática. Basta ter força de vontade, união e tornar as coisas possíveis. Espero poder voltar mais vezes “, comentou José Francisco Pinho Correia, da RDS Cujubim.
Para o coordenador da Regional Juruá-Jutaí, Marcelo Castro, o intercâmbio serve de inspiração para que outras localidades, que hoje tem estoque precário, possam gerar renda e recuperar seus lagos.
“Ver na prática o caboclo ensinando o caboclo, especialmente fruto de um trabalho de uma mistura do conhecimento tradicional com a ciência é inspirador, traz esperança para essas áreas, que um dia já tiveram pirarucu, esgotaram seus estoques, e agora aprendem com outras localidades mecanismos de recuperação e novas fontes de geração de renda”.
A troca de experiências foi realizada pela FAS, que conta com apoio do Bradesco e Fundo Amazônia/BNDES. O manejo de pirarucu na RDS Uacari é desenvolvido pelos ribeirinhos e organizado pela Associação de Produtores Rurais de Carauari (Asproc), Associação dos Moradores Agroflorestais da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (Amaru), com apoio do Governo do Amazonas. Na Resex Médio-Juruá, o manejo é desenvolvido com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).