Diálogo entre ribeirinhos e poder público é principal resultado do XXII Encontro de Lideranças - FAS - Fundação Amazônia Sustentável
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Diálogo entre ribeirinhos e poder público é principal resultado do XXII Encontro de Lideranças

Diálogo entre ribeirinhos e poder público é principal resultado do XXII Encontro de Lideranças
maio 13, 2019 FAS

Diálogo entre ribeirinhos e poder público é principal resultado do XXII Encontro de Lideranças

13/05/2019

Evento que reuniu líderes de comunidades das UCs do Amazonas proporcionou debates, palestras e capacitações com objetivo de aprimorar o Programa Bolsa Floresta, melhorar a qualidade de vida das populações e diminuir o desmatamento nessas regiões

XXII Encontro de Lideranças do PPrograma Bolsa Floresta encerrou na noite desta sexta-feira (31), em Manaus, após uma semana de debates, palestras e capacitações, reunindo num só lugar, nd sede da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), 47 líderes ribeirinhos de Unidades de Conservação (UC) com objetivo de discutir desafios e soluções para aprimorar a política pública do Bolsa Floresta, melhorar a qualidade de vida das comunidades e diminuir o desmatamento nessas regiões. O evento contou com apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Bradesco e Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

O contato direto entre comunitários e o poder público foi um dos diferenciais dessa edição. É o que conta a líder comunitária Brenda Monique Valentim, da comunidade São Francisco do Igarapé do Chita, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Faz arquivo Conquista, na zona rural de Manaus. “Foi ótimo porque houve a participação de vários órgãos que vieram nos ouvir e ver como é a realidade nas comunidades. Foi um evento mais voltado à nossa realidade. Os secretários estaduais nos ouviram bastante, tiveram intervalos de perguntas e nós pudemos expressar o que a gente quer para as nossas comunidades”, disse.

A superintendente de Desenvolvimento Sustentável da FAS, Valcléia Solidade, que já coordenou o Programa Bolsa Floresta, também citou a forte presença do poder público. “O Estado esteve muito presente, o que tem sido inédito nesta edição. E um dos nossos objetivos é fazer com que tanto o Estado como a sociedade saibam o que está acontecendo dentro das Unidades de Conservação, que eles entendam o processo, os avanços que esses ambientes proporcionam às famílias e comunidades, à conservação ambiental e também os desafios que temos pela frente”, completou.

O XXII Encontro de Lideranças foi realizado pela FAS em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e o titular da pasta, Eduardo Taveira, participou de diversos momentos do evento, como o diálogo sobre os avanços e os desafios das políticas públicas de meio ambiente no Amazonas. “Não podemos definir políticas públicas sem ouvir quem é diretamente impactado por elas. Durante o encontro a nossa equipe pôde escutar cada representante que está presente, saber cada desafio enfrentado por eles e, assim, pensar nas melhores estratégias para oferecer um serviço público mais eficiente”, disse.

Debates e diálogos

Diversas temáticas foram debatidas durante o XXII Encontro de Lideranças do Bolsa Floresta, como acesso a água potável, monitoramento ambiental, resíduos sólidos, manejo florestal, política, Microcredele, bioeconomia, empreendedorismo ribeirinho, a rodovia BR-319, violência sexualsegurança pública, entre outros. “Trouxemos ao encontro temáticas novas como a bioeconomia e a questão da segurança pública dentro das comunidades ribeirinhas e nos rios. Ter alguém da segurança no encontro para ouvir o desabafo dos comunitários e entender o que se passa nesses lugares tão distantes foi essencial”, reforçou a superintendente Valcléia Sólidoade.

líder comunitário Jerôncio Catulinus de Sousa, da comunidade S. João do Piagaçu, O sal de anamem Maraã, a perto de 600 quilômetros de Manaus, enfatizou a importância de debater segurança nas Unidades de Conservação. “Foi muito bom esse espaço para falar de segurança. Pudemos mostrar a nossa realidade e pedir mais fiscalização nos nossos rios. Pela primeira vez as secretarias de Estado estavam quase todas e isso para nós é uma grande alegria. Poder ser ouvido, ouvir o que eles têm a dizer e levar tudo para a minha comunidade. Espero os próximos encontros continuem assim, os secretários apoiando as Unidades de Conservação”, disse.

Capacitações

Capacitações e formações também fizeram parte da programação do XXII Encontro de Lideranças. Os líderes comunitários receberam diversos treinamentos e puderam aprender desde sobre informática básica, a gestão de resíduos sólidos, como proporcionando contas do dinheiro público, como elaborar e redigir projetos, como montar um modelo de negócios, educação financeira e microcrédito, entre outros.

“O mais importante que vou levar para a minha comunidade são os projetos de turismo, que é o mais próximo da nossa realidade. A gente trabalha com ecoturismo e foi possível receber diversas propostas de projetos para a nossa RDS. Sem falar da bioeconomia, que também faz parte da nossa reserva. Como podemos melhorar a nossa produção voltada à bioeconomia, novos projetos, novos medicamentos naturais”, conta Brenda Monique Valentim, da Reserva de Desenvolvimento Sustentável arquivo Conquista.

Papo Sustentável

Outro momento importante do XXII Encontro de Lideranças foi o Papo Sustentável sobre acesso a água potável nas comunidades. Soluções para levar água a regiões remotas do Amazonas foram compartilhadas durante o debate. “Esse momento foi muito especial. Pudemos sentir e perceber a satisfação dos comunitários com os investimentos feitos para levar água a esses locais. Água é vida e foi maravilhoso ouvir a experiência dessas pessoas e a forma como estão se organizando para gerir sistemas de água. Porque muito mais importante do que ter acesso a água é manter esse acesso por um longo período”, explanou Valcléia Solidade.

Entre as iniciativas apresentadas estavam o projeto Água+Acesso, que implanta nas comunidades estações de captação, tratamento e distribuição de água a partir de energia sustentável, por meio do Instituto Coca-Cola, Fundação Avina e o WTT Mundial transformando Technologies, e também a parceria com a multinacional Procter & Gamble para distribuir sachês com pó que purifica e transforma água poluída em potável para localidades sem acesso ao serviço. “Hoje a gente tem água boa, quase mineral dentro de casa”, comemorou Deuziano Pinheiro, líder comunitário na Reserva Extrativista (Resex) do Rio Gregório, que recebeu 48 mil unidades do sachê da P&G, o suficiente para limpar até 480 mil litros de água.

Metas e desafios

Até o próximo encontro, os líderes ribeirinhos e o poder público têm ações a serem cumpridas. É o que reforça Valcléia Solidade“Os líderes estão aqui representando as comunidades. Eles fazem acertos e ajustam estratégias de ação. Do ponto de vista político se fortalecem como lideranças para cobrarem poder público. E entre os desafios estão continuar os projetos em andamento e continuar mantendo a floresta em pé e o índice de desmatamento lá embaixo. Além de continuar fazendo as associações gerirem os próprios recursos, ter cada vez mais transparência, gerenciar seus produtos e cadeias produtivas. Tem muita coisa a ser feita, não só pou eles, mas pela FAS também”.

Entre os parceiros do XXII Encontro de Lideranças estão Fundo Amazônia, Bradesco, Governo do Amazonas, Sema, Ministério Público Federal (MPF), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Aliança para a Bioeconomia da Amazônia (Abio), Fundo Newton, Coca-Cola Institute, Fundação Avina, WTT, Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (Inpa), as secretarias de Produção Rural (Sepror)Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Seplancti), Segurança Pública (SSP), Assistência Social (Seas), Educação (Seduc), cultura (SEC), Ministério Público de Contas (MPC), Procuradoria-Geral do Estado (PGE), Assembleia Legislativa do Amazonas e as dezenas de associações das comunidades.

Bolsa Floresta

O Programa Bolsa Floresta (PBF), foco das ações do XXII Encontro de Lideranças, é uma política pública implementada pela FAS em 16 Unidades de Conservação (UC), em cooperação técnica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), com objetivo de recompensar populações tradicionais, ribeirinhas e indígenas, que vivem dentro das áreas de floresta pelos serviços prestados em favor da conservação ambiental. O PBF é mantido com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, do Bradesco e da Coca-Cola e apoio do Governo do Amazonas, por meio da Sema.