Na sociedade atual, é possível pensar a vida sem internet? Para além dos usos habituais, como a navegação em redes sociais e facilidades do cotidiano, a rede mundial de computadores é essencial para o trabalho, estudo e até para o acesso à saúde. Em comunidades do interior da Amazônia, longe dos principais centros urbanos, a internet cumpre esse papel social de acesso a serviços.
Pensando nisso, a FAS tem 104 estruturas de conectividade instaladas nas localidades onde atua. A implementação dessas tecnologias promove a educação, saúde, empreendedorismo e gestão territorial e ambiental.
Entre as comunidades, aldeias indígenas também são contempladas. São cinco pontos de inclusão digital indígena no Vale do Javari e nove na região do Médio Rio Purus, ambas no estado do Amazonas. Nessas localidades, os pontos de conectividade são utilizados principalmente para saúde, educação e comunicação entre os indígenas e também ribeirinhos das proximidades.
Segundo o cacique Zé Bajaga, do povo Apurinã do Médio Rio Purus, a internet local é utilizada por muitas aldeias que se juntam para utilizar um mesmo ponto. A região fica a seis dias de viagem do município de Lábrea, localizado a aproximadamente 850 km de Manaus.
“Os pontos já salvaram muitas vidas, desde pessoas com picada de cobra, acidentes e até pessoas que deram à luz. Além disso, muitas pessoas pararam de ir para cidade para usar internet para fazer trabalhos; estudantes, por exemplo, não precisam mais se deslocar”, explica o cacique, que é coordenador da Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (Focimp).
Fortalecimento do movimento indígena
Outra função crucial dos pontos de conectividade em aldeias é o fortalecer o movimento indígena. A comunicação e integração com povos de todo o país permitiu, por exemplo, que fossem realizadas assembleias durante a pandemia, quando os encontros presenciais não eram possíveis.
“A tecnologia ajuda e fortalece o movimento indígena não só da região, mas de todo o Brasil, porque tem a conectividade com todo o país. Esses pontos vêm para fortalecer o movimento. Para melhorar, seria ótimo ter mais pontos em mais aldeias”, analisa a liderança.
A Amazônia possui uma logística diferente do restante do país. Em muitos locais, o transporte é feito, majoritariamente, pelos rios. Levar conectividade para Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs) é garantir que as populações que ali vivem também estejam integradas de forma permanente ao território nacional.
“Temos quase 2500 km de rio Purus para percorrer, fora os seus afluentes. Se fôssemos visitar todas as aldeias sem parar, levaria quase dois anos. Afinal, é dessa forma que vamos trabalhando juntos e agradecendo os doadores que nos fortalecem e toda base da região para que tenhamos acesso à conectividade”, finaliza Zé Bajaga.