‘Já somos empoderadas’: a voz de liderança das mulheres indígenas

‘Já somos empoderadas’: a voz de liderança das mulheres indígenas

‘Já somos empoderadas’: a voz de liderança das mulheres indígenas
19 de abril de 2022 FAS FAS

A sociedade está num período em que muito se discute sobre igualdade de gênero e a importância de mulheres em espaços decisivos. E para mulheres indígenas este debate também vem ganhando cada vez mais força. No mês em que se comemora o Dia dos Povos Indígenas, em 19 de abril, é de suma importância destacar o papel das mulheres dentro do movimento e luta indígena. 

De acordo com a tradição de cada etnia, as mulheres desenvolvem um papel social que é pilar para que a comunidade funcione de maneira harmônica. E isto não tem a ver imposições sociais ou submissão, pois elas sempre participaram ativamente da luta por direitos. Rosa dos Anjos, Supervisora da Agenda Indígena da FAS, explica que mulheres indígenas sempre estiveram na luta seja pela proteção do território, mas sem ganhar tanto destaque:

“As mulheres indígenas, sempre estiveram na luta seja pela proteção do território, da cultura ou dos costumes. Nós sempre apoiamos os homens em todos os momentos, mas isto nunca foi, de fato, visto antes” explica. 

No entanto, culturalmente, ainda é difícil para todas chegar em lugares de liderança , sejam indígenas ou não. E além de exercerem protagonismo na luta pelo direito de seus povos, precisam lutar contra a violência daqueles que as enxergam como inferiores. Além de buscar o direito à terra, saúde e educação, por exemplo, elas também lutam para serem reconhecidas como lideranças. 

União de todas para todas

Atualmente, já existe uma gama de lideranças representativas e associações indígenas que visam fortalecer o protagonismo de lideranças femininas e o respeito às mulheres indígenas. Entre elas, associações representativas, como a Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB),  por exemplo. Esta crescente se refletiu durante a II Marcha das Mulheres Indígenas, no ano passado, que reuniu 5 mil mulheres representantes de 172 povos em Brasília. 

A representação também é refletida na política. Em 2018, a Joenia Wapichana foi eleita primeira mulher indígena a ocupar o cargo de deputada federal. Para este ano, as lideranças já se organizam para ocupar ainda mais cargos legislativos e somar força para que suas vozes sejam ouvidas. Em reunião com lideranças na última semana, o presidente do TSE defendeu maior participação de mulheres indígenas na política.

Um conceito conhecido do feminismo, o empoderamento para mulheres indígenas, na verdade, está ligado à visibilidade do movimento indígena e a luta por direitos. Na verdade, mulheres indígenas sempre tiveram ciência da sua força e Rosa explica:

“Já somos empoderadas, temos voz, sabemos o que buscamos e hoje, apesar das dificuldades impostas atualmente, estamos unidas. A diferença é que hoje não somos mais totalmente invisíveis e acreditamos que podemos fazer muito mais”, finaliza Rosa.

Por Equipe de comunicação