Durante muito tempo, a Floresta Amazônica foi considerada um obstáculo para o desenvolvimento, porque havia um entendimento de que apenas era possível explorar suas riquezas naturais com a derrubada de árvores e queimadas ilegais. Nos últimos anos, com os esforços de organizações como a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), essa visão mudou e se tornou referência no Brasil e no exterior.
Em setembro, o superintendente geral da FAS, Virgilio Viana, participou de dois eventos internacionais para falar sobre os desafios e oportunidades da Floresta Amazônica. Durante os encontros, Viana relatou os resultados do apoio da organização a 16 Unidades de Conservação (UCs) que estimulam o desenvolvimento sustentável de cadeias produtivas em comunidades ribeirinhas e indígenas do estado do Amazonas.
Gigante pela própria natureza, a Amazônia é o maior bioma do planeta. Com 7 milhões de quilômetros quadrados, sendo 5 milhões e meio de florestas, a região é fundamental para o equilíbrio ambiental e climático do planeta e a conservação dos recursos hídricos. Durante os eventos, o superintendente geral da FAS demonstrou que os benefícios proporcionados pela floresta podem ir além disso.
Apenas em 2019, as UCs onde a FAS atua produziram mais de 26 mil toneladas de produtos, como açaí, farinha, óleos vegetais, castanhas e pescado, com valor comercializado de R$ 18,5 milhões, beneficiando mais de 40 mil famílias. Isso sem considerar o turismo e o artesanato local, que movimentaram mais de R$ 2,5 milhões.
Esses locais representam, uma maneira de manter a floresta em pé, gerar empregos e aumentar a qualidade de vida, sempre de forma alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Investimento social na Floresta Amazônica
A primeira parada de Virgilio foi na Câmara de Comércio Brasil-Americana. Entre os temas abordados durante a palestra “Conserving the Amazon: Leveraging People and Reducing Poverty”, Viana reforçou a importância do envolvimento de grandes empresas para o sucesso dos projetos idealizados pela FAS.
A parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), por exemplo, possibilitou a implantação de pontos de telessaúde em áreas remotas da região. A iniciativa busca promover o atendimento dessas populações em diversas especialidades e fortalecer a Atenção Primária à Saúde local.
O programa de pesquisa e desenvolvimento chamado “Sempre Luz”, desenvolvido com o apoio da empresa Unicoba, tem o objetivo de levar energia solar às comunidades ribeirinhas e indígenas do Amazonas, promovendo também a difusão de um modelo de negócios para soluções energéticas sustentáveis e inovadoras.
O sistema de geração conta com 132 painéis solares, 54 baterias de lítio e 9 inversores híbridos de última geração, sendo que a central de energia solar fica em uma área aberta da comunidade.
Assista à palestra em inglês:
“The Amazon is too big to fail”
O segundo evento, “Brazil Day: The Amazon Rainforest: Challenges and Opportunities”, aconteceu no campus do Instituto Europeu de Administração de Empresas (INSEAD), uma das principais escolas de negócios do mundo, em Fontainebleau, na França, realizado em parceria com a Fundação Dom Cabral.
Viana apresentou dados sobre desmatamento e as soluções desenvolvidas pela FAS no combate à exploração predatória na região.
Um levantamento da Fundação Dom Cabral mostrou que, em agosto de 2022, as 16 UCs no estado do Amazonas apoiadas pela organização tiveram uma redução de 33% nos focos de calor em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto isso, observou Virgilio, dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) indicam que a Amazônia registrou a maior quantidade de queimadas dos últimos 12 anos para o período.
O resultado alcançado pela FAS comprova o papel desempenhado pelas UCs de estabelecer uma barreira de proteção para manter a floresta em pé. Esses locais somam 11 milhões de hectares de floresta, o que representa uma área equivalente a 70 vezes o tamanho da cidade de São Paulo, onde vivem cerca de 40 mil pessoas.
Para Virgilio, a Amazônia é grande demais para falir. “É preciso cuidar das pessoas que cuidam da floresta, ajudando a reduzir a pobreza e garantir a geração de renda por meio do desenvolvimento sustentável”, concluiu.