COP28: debate unificado sobre Amazônia | Blog da FAS

COP28: O Brasil nas negociações: unidade na Região Amazônica

COP28: O Brasil nas negociações: unidade na Região Amazônica
7 de novembro de 2023 FAS FAS

Ilustração de artigo sobre COP28 e Brasil nas negociações

A Amazônia tem sido o centro das atenções desde sempre em grandes debates. Estamos em mais um ano em que ela é o tema central em razão da preocupação do mundo com as questões das mudanças climáticas, e isso deve se repetir na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023, a COP28.

Neste ano, contamos com a sociedade civil em discussões importantes, como foi o caso da Pré-Cúpula da Amazônia, em Belém, em que as organizações socioambientais da Amazônia brasileira realizaram um diálogo mais próximo junto com povos indígenas, populações tradicionais, quilombolas e extrativistas sobre os desafios encontrados e soluções possíveis para se ter uma Amazônia próspera e viva.

Os diálogos sobre a Amazônia precisam de união e de um olhar mais coletivo com os outros países que também abrigam o bioma para que assim cheguemos em resultados mais expressivos, não só sobre sua conservação, mas em como fortalecer as pessoas que nela vivem, compreendendo que só teremos bons resultados quando o olhar for, de fato, coletivo. Trazer as populações que desempenham um papel fundamental na conservação da maior floresta tropical do mundo é essencial para todo e qualquer debate, inclusive para a COP28, que se aproxima.

Como trabalhar em unidade pela Amazônia?

É por esse motivo que precisamos cuidar das pessoas que cuidam de nossas florestas. Trabalharmos em unidade. Olhamos para elas como o caminho para o meio ambiente e, esse é o principal objetivo da Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Aqui, darei alguns exemplos de como formamos capital humano para o protagonismo em várias frentes de conservação da sociobiodiversidade.

A estratégia central da FAS é combinar os princípios da Tecnologia Social, promovendo o crescimento de empreendimentos sustentáveis em 802 comunidades situadas em 28 Unidades de Conservação (UCs) na Amazônia. Nosso principal objetivo é ampliar o conhecimento dos povos da floresta e oferecer recursos para viabilizar a criação de negócios sustentáveis na região amazônica, além de multiplicar conhecimentos e fazer com que os territórios possam se fortalecer e se desenvolver.

Somente no ano passado, os negócios sustentáveis liderados pela nossa estratégia de empreendedorismo faturaram R$ 7 milhões. Ao todo, foram 62 empreendimentos apoiados, 582 famílias atendidas e R$ 124 mil em créditos destinados a esses negócios.

A FAS também contribui com projetos para o fortalecimento da bioeconomia com foco na conservação ambiental, segurança alimentar, empoderamento comunitário, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das populações ribeirinhas da Amazônia com base nos objetivos do desenvolvimento sustentável. Todas essas frentes são essenciais para reduzir o desmatamento e a pobreza — dois dos principais objetivos do desenvolvimento sustentável na região.

Fruto de todos esses trabalhos para manter a floresta viva, relato que o trabalho da FAS tem tido um bom desempenho nas Unidades de Conservação onde tem atuação. Em 16 UCs no estado do Amazonas, houve uma redução de 2% do desmatamento entre 2021 e 2022, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Já as áreas sem a atuação da Fundação registraram um aumento médio de 103% de desmatamento.

O protagonismo dos povos da Amazônia

Com todos esses exemplos, em que a comunidade é a protagonista da conservação da floresta, entendemos que a colaboração e a voz dos povos da região são de extrema relevância para levarmos questões para a COP28. Reforço que o diálogo entre as “várias Amazônias” é essencial para ter um resultado positivo: entendendo os desafios e que somos uma só, parecidas, mas com dificuldades e demandas distintas.

O conhecimento profundo da região, os modelos de desenvolvimento sustentável feitos para a subsistência, como o turismo de base comunitária, e a conservação e consciência desses povos tornam impossível autoridades não reconhecerem o papel que essas pessoas desempenham dentro do bioma. Os amazônidas estão protegendo o maior tesouro que temos nas mãos, mas também é preciso olhar para esses povos, pois a maior riqueza da Amazônia são as populações que nela vivem.


Valcléia Solidade é Superintendente de Desenvolvimento Sustentável da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).

Artigo adaptado e publicado originalmente no Jornal O Globo.