EMPREENDEDORISMO E RENDA – Fundação Amazônia Sustentável

EMPREENDEDORISMO E RENDA

Na Amazônia, existem povos cuja relação com a natureza vai além do consumo. É caso antigo, que vem de muito antes do crescimento de metrópoles na região. É de afeto, cuidado, respeito e admiração. Referência para a cultura, para a espiritualidade, que informa a maneira de perceber o mundo. É cosmovisão, é música, dança e arte que se pega e pesa nas mãos. O artesanato é uma expressão de amor e reverência dos povos à floresta amazônica, ele é feito à sua imagem e semelhança, captando a beleza e imponência que emana da maior biodiversidade do planeta.

É o caso da coleção “Esse Dito Bicho”, desenvolvida por um coletivo de artesãs e artesãos da Comunidade Terra Preta, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, Amazonas. Através do “Projeto Amazonas Sustentável”, a FAS, o Instituto A Gente Transforma e a Petrobras apoiam a produção, divulgação e venda das peças, que são esculpidas a partir de resíduos de madeira do manejo sustentável.  

Assista ao vídeo e conheça mais sobre o projeto:

O fazer colaborativo e enraizado nas tradições dos povos da floresta dá forma a bancos, mesas e outro objetos de movelaria com um design único. Peixe-boi, guariba, arara, o bicho de duas-cabeças, a cobra grande Lili que vive debaixo da terra, a anta-onça. As peças extrapolam os limites da anatomia animal para expressar as histórias e saberes da mata e dos rios, transmitidos por gerações de ribeirinhas e ribeirinhos e permeados pela presença metafísica dos encantados.

A FAS acompanhou e deu suporte a todas as fases de criação da coleção “Esse Dito Bicho”, desde a concepção dos móveis a partir da imersão nas identidades culturais da Terra Preta.

“Os desenhos dos objetos de madeira surgiram a partir do lápis de um artesão, em uma grande roda de contação de histórias, com a colaboração de todos. Os bancos juntam fragmentos de imagens desse universo compartilhado”, conta Gil Lima, coordenador do projeto pela FAS.

Com o desenvolvimento de estratégias de marca e comercialização, a arte dessa comunidade do Rio Negro cruzou fronteiras e hoje enfeita casas pelo Brasil e mundo afora. Em 2 anos de projeto, a venda do artesanato da comunidade rendeu um faturamento de R$ 49,8 mil, beneficiando mais de 80 famílias de artesãos e marceneiros.

Em 2022, o artesanato da Amazônia foi destaque em um dos maiores eventos da categoria no mundo

A FAS investe no artesanato amazônico como meio de fortalecimento e valorização das culturas locais e geração de renda para comunidades ribeirinhas. Em 2022, com o apoio da fundação, empreendimentos locais de artesanato e economia criativa na Amazônia tiveram faturamento bruto de R$ 563 mil. As ações de fomento à cadeia produtiva envolveram 10 grupos de artesanato e 96 famílias em 4 Unidades de Conservação na Amazônia.

Em parceria com a Associação Zagaia, a FAS levou o artesanato típico da região para uma das maiores feiras de artesanato do mundo. A 22ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), aconteceu no último mês de julho em Olinda, Pernambuco e contou com um estande exclusivo com peças de cestaria, movelaria, acessórios de moda, entre outras especialidades da manufatura amazônida. O catálogo do Jirau da Amazônia, plataforma virtual das Lojas Americanas que conecta compradores à produção de diversos grupos de artesãos, foi um dos destaques da mostra.

“Pela primeira vez, a FAS esteve presente com stand próprio do Jirau da Amazônia. Os resultados alcançados na feira foram muito relevantes, os grupos conseguiram vender aproximadamente R$ 20 mil reais em artesanato. É uma feira que tem um público muito grande, com participação de público do Brasil e do exterior”.

Wildney Mourão, gerente do Programa de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis (Pensa) da FAS.

Joarlison Garrido foi um dos participantes do Fenearte pelo Jirau da Amazônia. Representando o grupo de artesãos Surisawa, da comunidade Nova Esperança, localizada no Amazonas, o indígena da etnia Baré explica que o artesanato “nos ajuda no fortalecimento dos nossos valores éticos, principalmente no que diz respeito ao sentido de coletividade e união, que são os valores que sustentam o povo Baré. Por isso, o artesanato não é valorizado somente pelo trabalho e obra bem feita, mas também pelo o que significa para a nossa gente. É um significado imensurável”.

Confira o depoimento da artesã Delly Baniwa:

As iniciativas da FAS em renda e empreendedorismo contam com o apoio de Bradesco, Americanas S.A., Go Martins e SAP, entre outras instituições parceiras.