Recortada, ressequida, aos pedaços. Vista de cima, a floresta amazônica revela o lastro da destruição que assola os territórios e que, com especial brutalidade nos últimos anos, têm suprimido o maior e mais rico bioma do planeta. De acordo com o sistema de monitoramento do INPE, fevereiro de 2023 registrou o maior número de alertas de desmatamento na região. Contra a queda e queima em descontrole da biodiversidade, as Unidades de Conservação (UCs) seguem na resistência, liderada pelos povos que habitam e cuidam da floresta.
No estado do Amazonas, a FAS contribuiu diretamente para proteção ao meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável em 16 UCs, somando um território que ultrapassa 10,9 milhões km². Em parceria com o governo do estado, de 2008 a 2022 a FAS implementou o Programa Bolsa Floresta, política pública de pagamentos por serviços ambientais para moradores de comunidades ribeirinhas em UCs estaduais.
Além do sistema de transferência de renda aliada à sustentabilidade, o programa envolve ações de conservação ambiental, educação, empreendedorismo, empoderamento comunitário e fomento de cadeias produtivas que valorizam a floresta em pé ao passo que geram renda às comunidades locais. Como resultado, desde a origem do Bolsa Floresta até 2021, o desmatamento caiu 40% em áreas protegidas estaduais com atuação da FAS.
“É importante ressaltar que nesses 14 anos de programa sendo implementado pela FAS, muitos projetos conseguiram alcançar resultados expressivos, especialmente no que diz respeito ao envolvimento de mulheres e jovens em ações voltadas para a melhoria da infraestrutura da comunidade, para a melhoria da estrutura de geração de renda e no papel importante de lideranças das comunidades e das associações”, destaca Valcléia Solidade, superintendente de Desenvolvimento Sustentável da FAS.
Crédito: Michael Dantas
Para Raimundo Leite, presidente da Associação de Povos e Comunidades Tradicionais Puranga Conquista (AM), o programa é importante por acompanhar “as famílias que moram na Unidade de Conservação, da forma que eles vivem, olhando qual produção eles produzem, o que eles estão desenvolvendo e também manter a preservação do meio ambiente através da participação dessas famílias envolvidas nas reuniões e também com as políticas públicas, gerando educação, renda e conhecimento no meio no qual a gente vive”.
Veja o depoimento do comunitário Raimundo Leite:
“O Bolsa Floresta mudou a vida da população ribeirinha onde esteve implementado, sobretudo na minha região”.
Emerson Moreira, liderança na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Canumã
Confira o balanço do Programa Bolsa Floresta:
Em 2022, o Governo do Amazonas reformulou o programa, que agora se chama Guardiões da Floresta. Sob coordenação da FAS a política pública será expandida para 28 Unidades de Conservação, alcançando mais de 14 mil pessoas no estado. Somente no anterior, 7,2 mil pessoas foram cadastradas pela FAS na nova fase do programa.
“Um avanço dentro do programa é a realização do cadastro das famílias nestes territórios. Tem territórios que conhecemos como instituição, mas outros são novidades para nós. Vamos conhecer as associações, identificar os atores e instituições que operam em determinada unidade, município, apresentar a fundação e nosso trabalho. Estamos expandindo a nossa área de atuação na Amazônia, é um desafio que temos abraçado”, afirma Edvaldo Correa, gerente do Programa Floresta em Pé (PFP) da FAS.
As iniciativas da FAS em conservação ambiental contam com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado do Amazonas, Fundo Amazônia, Coca-Cola Brasil e Innova, entre outras instituições parceiras.