INFRAESTRUTURA COMUNITÁRIA – Fundação Amazônia Sustentável

INFRAESTRUTURA COMUNITÁRIA

Acontece aos poucos, mas é certo. As chuvas escasseiam e os dias ficam mais quentes. É tempo de viragem na Amazônia. O que era rio vira um córrego fininho onde barco já não atravessa. As tarefas mais banais do dia, como lavar roupa ou tomar banho, se convertem em maratonas. Metros que se transformam em quilômetros, caminhando com um balde de água sobre os ombros. Já é tempo de seca na Amazônia.

Como efeito da crise climática, a época de estiagem amazônica está cada vez mais intensa e prolongada. Durante a seca do ano anterior, 47 municípios do estado do Amazonas estiveram em situação de atenção e oito em status de emergência, de acordo com dados do InfoAmazônia. Cerca de 167 mil pessoas foram afetadas na região com menor cobertura de saneamento básico do Brasil.

Mais uma vez, os habitantes das beiras de rio e das florestas são os mais penalizados, limitados na locomoção, nos afazeres da subsistência, como a roça e a pesca, e na garantia de direito básicos. Dentre eles, um dos mais essenciais: o acesso à água de qualidade.

Enquanto mira a outra margem do rio Parauari, Everaldo Humberto recorda os momentos de carestia. “Quando seca o rio, o canal passa do lado de lá, então a gente enfrentava uma dificuldade muito grande, porque há uma barreira de lama aí, e daí carregar um balde de 20 de litros de água de lá é bastante cansativo”. Everaldo é morador de Nova Jerusalém, uma das comunidades da Floresta Estadual Maués (AM). Em 2022, com o financiamento da The Coca-Cola Foundation, a Fundação Amazônia Sustentável construiu sistemas de armazenamento, tratamento e distribuição de água que atendem Nova Jerusalém e Ebenezer, a comunidade vizinha.

Crédito: Lucas Bonny

A ação faz parte do programa Água + Acesso, que atua em comunidades com baixa renda em zonas de difícil acesso no Brasil. O objetivo central da iniciativa é ampliar o acesso à água através de tecnologias sociais e sustentáveis. A FAS integra a Aliança Água + Acesso, que reúne organizações de todo o país. No Amazonas, a fundação coordena a implantação dos sistemas de água em Unidades de Conservação (UCs) com a parceria de associações comunitárias, como a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC).

Assista ao vídeo e conheça mais sobre o projeto:

“Desde 2017, a FAS vem implementando e desenvolvendo o modelo de água segura, água potável, para as comunidades onde o acesso à água ainda é uma realidade bem distante”, informa Valcléia Solidade, superintendente de Desenvolvimento Sustentável da FAS. 

Os sistemas do Água + Acesso são uma tecnologia social à base de recursos renováveis, como a energia solar. Placas fotovoltaicas alimentam a estrutura que envolve uma caixa de água para armazenamento de água da chuva, filtro para o tratamento da água, e uma rede de distribuição para os comunitários. O planejamento e a construção das estruturas são feitos a partir da mobilização de toda a comunidade.

“A nossa participação foi importante e também tivemos aprendizado com os técnicos”, diz Everaldo Humberto. “Estivemos presentes para fazer a estrutura, tirar todo o material, ajudar a equipe que veio a montar aqui os barrotes, ajudar a sustentar a placa solar e a caixa principal aonde passaria a tubulação pra distribuição de água. Também ajudamos a carregar os materiais, como o filtro que purifica a água”.

Capacitações para a gestão, limpeza e manutenção dos sistemas foram oferecidos para as famílias das 2 comunidades. Valcléia Solidade destaca que o processo participativo é um dos diferenciais do programa e da abordagem da FAS na Amazônia. “Em primeiro lugar, trabalhamos muito fortemente a questão da gestão. Quando chega um empreendimento, uma nova estrutura, é importante que as pessoas da comunidade possam olhar para o benefício que chega como algo que a gestão tem que ser muito bem feita, tem que ser muito considerada e tem que envolver muito as mulheres, os jovens, porque a gente entende que esse é um benefício coletivo”.

Com o programa Água + Acesso, a água tratada chega nas pias e chuveiros das casas das comunidades, uma medida simples que traz benefícios para o bem-estar e a qualidade de vida de ribeirinhas e ribeirinhos em Maués. “No sentido da saúde vai ajudar bastante porque a gente tomava uma água que não era tratada e a gente sabia que ali a gente tomava algo que estava nos prejudicando. Então hoje, além da gente saber que é uma água tratada, a gente tem uma segurança”, afirma o comunitário Danúbio Freire.

“No sentido da saúde vai ajudar bastante porque a gente tomava uma água que não era tratada e a gente sabia que ali a gente tomava algo que estava nos prejudicando. Então hoje, além da gente saber que é uma água tratada, a gente tem uma segurança”.

Danúbio Freire, morador da comunidade Nova Jerusalém (AM)

As iniciativas da FAS em conservação ambiental contam com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado do Amazonas, Fundo Amazônia, Coca-Cola Brasil e Innova, entre outras instituições parceiras.