Localizada no sudoeste do estado do Amazonas, o Vale do Javari é a segunda maior Terra Indígena (TI) do Brasil. Com mais de 8,5 milhões km², é lar de etnias tão diversas como as dos Kanamari, Kulina, Matis e Marubo. Apesar da demarcação, os povos e as terras ancestrais do Vale do Javari enfrentam os assédios do tráfico de drogas, do garimpo e da pesca ilegal (que vitimaram em julho de 2022 o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips), além da falta de assistência médica.
“Às vezes a gente fica sem doutor, sem enfermeiro, sem técnico. E aqui tem muitos casos de malária e diversos tipos de doenças”, relata Elania Dias, professora na escola indígena Dyaho Tukuna. A falta de comunicação e as longas distâncias são entraves para o atendimento de saúde das mais de 6 mil pessoas que vivem na Terra Indígena.
Com financiamento do Instituto Todos pela Saúde e apoio da União dos Povos Indígenas do Javari, a FAS instalou um ponto de telessaúde na Aldeia Massapê. O ponto oferece estrutura e conectividade de internet para realização de consultas médicas, de enfermagem e psicologia de forma online e gratuita.
Confira como foi a instalação do ponto de telessaúde no Vale do Javari:
“Eu acredito que vá ajudar a gente bastante aqui, se acontecer algum agravo aqui dentro da aldeia a gente a gente já entra em contato com a nossa equipe técnica”, aponta o enfermeiro Ricardo Cavalcante. A telessaúde no Javari abrange o serviço em saúde para cerca de 200 moradores de Massapê e das populações de mais 3 aldeias na região.
A coordenadora da Agenda Indígena da FAS, Rosa dos Anjos, considera que a instituição tem muito a contribuir no Vale do Javari. “Eles estão abertos a essa parceria. Vendo que eles querem isso só nos fortalece e dá mais motivo para buscar mais recursos e parceiros”.
“Pra gente era uma coisa impossível chegar esse tipo de tecnologias nas aldeias, mas hoje a gente se sente feliz de ter recebido o apoio da FAS e dos parceiros”, diz Ivinimpapa, cacique geral dos indígenas Marubos. “Obrigado por trazerem esse meio de comunicação para gente, vai ser muito proveitoso para a aldeia”.
Assista ao depoimento do cacique geral dos indígenas Marubos, Ivinimpapa:
Com o Vale Javari, a FAS já instalou 97 pontos de telessaúde em 18 Terras Indígenas, além de 20 Unidades de Conservação e 22 municípios na Amazônia. Somente em 2022, mais de 1,8 mil pessoas foram atendidas em áreas remotas através dos pontos de conectividade.
Mickela Souza, gerente do Programa Saúde na Floresta (PSF) da FAS, ressalta que as ações de telessaúde acontecem sempre com a cooperação dos municípios onde são realizadas, como um reforço do Sistema Único de Saúde (SUS) na floresta.
“Estamos conseguindo apoiar os municípios com serviços da atenção básica em saúde na Amazônia profunda, em que muitas vezes as pessoas não têm a disponibilidade de locomoção com grande frequência para a sede municipal”.
Mickela Souza, gerente do Programa Saúde na Floresta (PSF) da FAS
Ao lado do projeto de teleatendimentos de saúde, a FAS promove também capacitações complementares à Agentes Comunitários de Sáude, que atuam em comunidades ribeirinhas na região, e apoia o transporte e aplicação de doses de vacinas contra o coronavírus, hepatite B, febre amarela e outras doenças no Amazonas.
Crédito: Lucas Bonny
Em 2022, a organização lançou a campanha “Espalhe Saúde, Não Covid” com foco no combate à desinformação a respeito da vacina e da prevenção contra a Covid-19 e que contou com vídeos informativos, cartazes e folders direcionados para para moradores de municípios no interior do estado. O projeto tem apoio a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Iniciativa de Novos Parceiros, Ampliando Parcerias em Saúde (NPI EXPAND) e SITAWI (Finanças do Bem).
As iniciativas da FAS em saúde também contam com a cooperação da Secretaria de Saúde e Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado do Amazonas, Embaixada do Brasil na França, JBS e da organização Direct Relief, entre outras instituições parceiras.